Pela 1ª vez, cientistas registram ondas cerebrais de polvos soltos em tanque

Pesquisadores conseguiram inserir eletrodo na região do cérebro de polvos ligada ao aprendizado visual e memória
Pela 1ª vez, cientistas registram ondas cerebrais de polvos soltos em tanque
Imagem: Keishu Asada/Reprodução

Os polvos são animais para lá de peculiares. Eles possuem um corpo único e habilidades cognitivas bastante avançadas, que se desenvolveram de forma diferente das dos vertebrados. 

Além disso, esses animais possuem cérebros grandes, perfeitos para serem estudados. Só há um problema: colocar eletrodos na cachola desses seres não é tarefa fácil. Seus longos tentáculos alcançam qualquer parte de seu corpo, podendo facilmente arrancar a fiação. 

Pensando nisso, uma equipe formada por cientistas de diferentes instituições internacionais resolveu desenvolver um dispositivo capaz de ser inserido no cérebro do polvo. A peça não foi criada do zero, mas sim adaptada de um outro rastreador cerebral aplicado em pássaros para analisar seu voo.

O novo protótipo devia ser à prova d’água e com baterias capazes de funcionar dentro de um ambiente com pouco ar. Então, os cientistas testaram o rastreador em polvos da espécie Octopus cyanea.

Três animais foram anestesiados e tiveram os eletrodos implantados na região do lobo vertical e lobo frontal mediano superior. Essa parte do cérebro é mais acessível e também parece estar ligada ao aprendizado visual e a memória, o que também chama a atenção dos pesquisadores.

Os polvos foram devolvidos para o tanque e monitorados por 12 horas. Além dos eletrodos, os animais também foram gravados o tempo todo. Assim, os indivíduos foram registrados dormindo, comendo e se movimentando pelo espaço. O estudo completo foi publicado na revista científica Current Biology.

Foram identificados vários padrões distintos de atividade cerebral, alguns dos quais eram semelhantes em tamanho e forma aos observados em mamíferos. Outros, por outro lado, eram oscilações lentas e de longa duração que não haviam sido descritas anteriormente.

A equipe ainda não relacionou os padrões de atividade cerebral ao comportamento do animal visto no vídeo. De toda forma, agora os cientistas possuem tecnologia para fazer tais observações e descobrir detalhes sobre esses animais.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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