A hipótese de que aves que vivem mais próximas do Equador são mais coloridas existe desde o século 19. Ela foi levantada por naturalistas como Charles Darwin e Alexander von Humboldt, que repararam na diferença entre os animais dos trópicos e dos polos durante suas expedições.
Mas faltava confirmar a teoria. Foi isso que pesquisadores da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, fizeram. A equipe examinou mais de 4,5 mil espécies de pássaros canoros – que representam cerca de 60% das espécies de aves conhecidas – encontrados em todas as partes do globo.
Os animais foram fotografados em diferentes ângulos a partir da luz visível e também luz ultravioleta. Então, os pesquisadores desenvolveram um programa de inteligência artificial capaz de analisar as imagens e identificar os diferentes pigmentos nos pássaros.
Ao final, os cientistas concluíram que as aves que viviam mais próximas do Equador realmente eram mais coloridas. Os animais que viviam nos trópicos tinham as cores aumentadas entre 20% e 30% quando comparados àqueles que habitavam regiões polares. O estudo completo foi publicado na revista Nature Ecology & Evolution.
A plumagem colorida pode estar relacionada ao ambiente escuro das florestas. Por lá, os animais devem ser mais chamativos para que outros membros da espécie o reconheçam. Aves que se alimentavam de frutas e néctar também eram mais coloridas, sugerindo uma relação entre a dieta e a plumagem.
Os naturalistas do século 19 também haviam notado essa diferença de cor em outros seres vivos, como insetos, peixes e plantas. Os cientistas devem continuar explorando para confirmar se as cores vivas são exclusivas das aves que vivem próximas do Equador ou se outros animais compartilham deste fenômeno.