De recordista a cancelada, conheça Marilyn vos Savant, a mulher com QI 228

Marilyn vos Savant entrou para o Guinness com apenas 10 anos de idade, como a mulher mais inteligente do mundo
De recordista a cancelada, conheça Marilyn Vos Savant, a mulher com QI 228
Imagem: YouTube/Reprodução

Em 1956, aos 10 anos de idade, a pequena Marilyn vos Savant atingiu nada menos de 228 pontos no teste de QI (Quociente de Inteligência) Mega — um teste para quem tem pontuação acima de 145. Isso a transformou em uma garota prodígio e colocou seu nome no Guinness (o famigerado “Livro dos Recordes”) como a mulher mais inteligente do mundo. 

Em termos de comparação, a régua do QI diz que pessoas superdotadas têm, em média, quociente de 127. Uma pessoa com inteligência acima da média fica entre 110 e 120, enquanto indivíduos com inteligência normal têm QI de 90 a 109. Isso mostra como Marilyn é, de fato, muito (muito!) inteligente.

Mas a inteligência de Marylin, hoje com 76 anos, nem sempre foi tão bem recebida. Um dos casos foi enquanto trabalhava para a revista Parade, onde mantinha a coluna “Ask Marilyn” — um espaço para que pessoas tirassem suas dúvidas sobre matemática e ciências. 

Em 1989, um leitor perguntou a ela sobre um jogo popular nos programas de TV dos EUA, no qual os participantes deveriam escolher uma entre três portas. Duas escondiam cabras e a outra um carro 0km – e o participante poderia levá-lo caso escolhesse a porta certa.

A questão do leitor era bastante simples: qual porta escolher para ganhar o automóvel? A resposta de Marilyn virou motivo de piada entre especialistas matemáticos e estatísticos – que mais tarde precisaram pedir desculpas porque, sim, ela estava certa. 

Qual o ponto de Marilyn

Primeiro são três portas e você escolhe uma. O apresentador, então, decide abrir uma das portas que você não escolheu e, surpresa: ela esconde uma cabra. Depois disso, sobram duas portas, sendo que apenas uma tem o carro 0km. 

Um raciocínio rápido faz pensar: há 50% de chance em cada porta para levar o automóvel novinho para casa. Mas, segundo Marilyn vos Savant, não é bem assim. Ela respondeu que o participante tem, na verdade, 66% de probabilidade de ganhar o carro se mudar de porta. 

“Sim, você deve mudar a porta”, respondeu ela ao leitor. “A primeira tem um terço de possibilidade de ganhar, mas a segunda tem dois terços de possibilidade”. 

“Vamos supor que haja 1 milhão de portas e você escolhe a porta n° 1. O apresentador, que sabe o que há por trás das portas, irá sempre evitar a que tem o prêmio. Ele abre todas, exceto a porta 777.777. Você irá rapidamente mudar a sua porta, não?”, explicou ela. 

Cancelada 

Savant conta que recebeu pelo menos 10 mil cartas em resposta ao seu posicionamento. Dessas, pelo menos 1.000 eram de matemáticos e doutores em estatística e ciências de todos os EUA, que discordavam totalmente de seu ponto e exigiam retratação. 

A questão é que Savant está correta, desde que o apresentador revele o que existe por trás de uma porta errada. E, depois, ofereça ao participante a chance de mudar seu palpite. Isso coloca o problema no campo da probabilidade condicional. 

Ao escolher uma porta, a pessoa tem uma chance em três de ganhar. O restante está sob o controle do apresentador. Nesse caso, a chance de sucesso é de 33%. Agora, se o apresentador revela uma das opções erradas, mudar de porta aumenta a chance de acertar para 66%. 

Estava certa 

Um estudo da BBC com estudantes da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, já testou essa hipótese. Os estudantes que mudaram de porta quase dobraram suas chances de ganhar: dos 30 que decidiram pela mudança, 18 ganharam o carro (60% de acertos). 

Enquanto isso, só 11 dos 30 participantes que optaram por manter a primeira escolha foram bem-sucedidos (36%). Na prática, a mudança de porta não garante o automóvel, mas aumenta a possibilidade de ganhar, desde que o apresentador tenha aberto uma das portas que ele sabe que não têm o carro.

A resposta de Marilyn vos Savant já havia sido apresentada pelo estatístico Steve Selvin em 1975, na revista American Statistician. Mas só a resposta dela causou furor. Depois de provar seu ponto, ela recebeu algumas cartas com desculpas às críticas – mas em bem menos quantidade que os questionamentos. 

Mesmo assim, o reconhecimento à mulher mais inteligente do mundo não se dissipou. Ela continua escrevendo artigos e respondendo dúvidas e charadas sobre ciência – e, é claro, sendo superinteligente. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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