Deezer cria ferramenta que faz a limpa em músicas deepfake por IA
A plataforma Deezer anunciou que vai adotar uma ferramenta para identificar e potencialmente eliminar músicas que clonam as vozes de artistas. O serviço de streaming quer ficar de olho nas canções criadas por inteligência artificial (IA). Especialmente aquelas que se apropriam do trabalho de outros artistas, chamadas de deepfakes.
Deepfake é uma técnica de IA usada para gerar áudios, vídeos e imagens falsas que se baseiam em conteúdo já existente. Essa tecnologia consegue reproduzir os mesmos timbres, velocidade da voz e até mesmo sotaque do artista em questão; são ultrarrealistas.
Um exemplo recente é o da cantora Ariana Grande. Alguns áudios falsos da estrela pop cantando músicas da cantora brasileira Anitta circularam amplamente na web no início do ano. A artista, contudo, conseguiu derrubar o áudio no YouTube.
Segundo Jeronimo Folgueira, CEO da empresa, o objetivo do Deezer com a medida é monitorar esse tipo de conteúdo e garantir que a IA seja usada da forma correta. A empresa acionará os artistas e gravadoras em questão para tomarem as providências necessárias conforme identificar os deepfakes.
Checagem é por meio de IA
Também serão mapeadas e sinalizadas para os usuários as produções musicais totalmente geradas pela tecnologia (sem se basear em outros artistas).
O grupo de K-pop MAVE: é um exemplo, formado por quatro avatares. As músicas da banda são construídas por meio de IA generativa. Idealizado e desenvolvido pela Metaverse Entertainment, o projeto já conta com 1,6 milhões de ouvintes mensais no Spotify.
O Deezer afirma ainda que pretende “eliminar conteúdos ilegais e fraudulentos” para proteger os artistas, sobretudo. “Precisamos tomar uma posição agora”, afirmou o CEO da plataforma em entrevista à BBC News. Para o executivo, portanto, estamos em um momento crucial da música e precisamos ter mais controle sobre os direitos de propriedade intelectual.
Afinal, as músicas deepfake são mesmo ilegais?
Não há uma resposta concreta, porque essa tendência de produções musicais geradas por inteligência artificial é muito recente e ainda não há definições legais sólidas sobre o tema.
A Universal Music removeu dos serviços de streaming em abril uma canção chamada “Heart On My Sleeve”, que supostamente Drake e The Weeknd, dois dos maiores artistas ligados à empresa, cantavam. Ouça abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=7HZ2ie2ErFI&ab_channel=AZTECH
A companhia afirmou que “o treino de IA generativa utilizando a música dos nossos artistas” era “uma violação da lei dos direitos de autor”. No entanto, isso ainda está sendo discutido pela justiça norte-americana.
Os próprios músicos estão divididos em relação à tecnologia. A cantora de alt-pop Grimes, por exemplo, é a favor. Dessa forma, ela disponibilizou a sua voz para ser utilizada por qualquer plataforma para criação de música com inteligência artificial.