O número de denúncias de abuso e exploração infantil feitas pela Safernet, ONG para promoção de direitos humanos na internet, cresceu 70% nos primeiros quatro meses de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado.
De 1º de janeiro a 31 de abril, a organização recebeu 23.777 denúncias. Em 2022, foram 14.005. Este é o maior índice de registros desde 2020.
Agora, as denúncias foram enviadas ao MPF (Ministério Público Federal), que deverá analisar se existem indícios de crime em cada uma delas.
O número de links únicos compartilhados pela Safernet com autoridades brasileiras nos primeiros meses do ano está em uma crescente desde 2019.
Tanto em 2021 quanto em 2022, o número de denúncias na central superou 100 mil/ano. O feito foi inédito para a organização, que começou a contar os casos em 2006. Em 17 anos, a Safernet recebeu e processou mais de 1,9 milhão de denúncias com imagens de abuso infantil.
A contagem envolve 524.197 páginas (links) diferentes, sendo 415.085 removidas. Imagens de abuso infantil estão entre a maior parte das denúncias enviadas à Safernet: equivalem a 42,5% do total de casos.
“O crescimento de denúncias é um termômetro do impacto causado nos usuários da Internet que se deparam com este tipo de conteúdo criminoso”, disse Thiago Tavares, diretor-presidente da Safernet, em nota à imprensa. “O controle social é fundamental no enfrentamento aos abusadores”.
Como denunciar
A Central de Denúncias da Safernet recebe relatos de pornografia infantil, racismo, neonazismo, apologia ou incentivo a crimes contra a vida, maus tratos contra animais, intolerância religiosa, tráfico de pessoas, violência contra mulheres e fraude eleitoral.
Para denunciar, basta escolher o crime no qual a denúncia se encaixa, colocar a URL do site onde o conteúdo está hospedado e fazer um comentário sobre a queixa. Todo o processo é anônimo. Acesse neste link.
Segundo a Safernet, qualquer imagem de abuso infantil é o registro de uma violência real. Os registros da organização já ajudaram a Polícia Federal a investigar e prender abusadores, como um caso recente no Mato Grosso do Sul.
“Sabemos que do ponto de vista das vítimas não é fácil romper a barreira do silêncio”, afirmou a psicóloga Juliana Cunha, diretora da Safernet.
“A denúncia em si é simples de fazer, mas ainda há muitas barreiras a serem superadas, especialmente a necessidade de um maior fortalecimento da rede de proteção, que não consegue dar assistência adequada às vítimas”.