Depoimento de Zuckerberg no Parlamento Europeu será transmitido online
O depoimento de Mark Zuckerberg diante do Parlamento Europeu, nesta terça-feira (22), às 13h15 (horário de Brasília), inicialmente aconteceria a portas fechadas. Porém, diante da pressão de alguns políticos, a situação mudou. Agora, o CEO do Facebook terá seu testemunho transmitido online, ao vivo, assim como aconteceu em abril, quando compareceu perante o Congresso dos Estados Unidos.
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Dentre os vários assunto que poderemos esperar, os principais devem ser privacidade, segurança dos dados dos usuários e interferência do Facebook em eleições. Antonio Tajani, presidente da União Europeia, comemorou o fato de que o depoimento agora aconteceria de forma transparente.
“Discuti pessoalmente com o CEO do Facebook, senhor Zuckerberg, a possibilidade de transmitir online a reunião com ele. Fico feliz de anunciar que ele aceitou esse novo pedido. É uma grande notícia para os cidadãos da União Europeia. Eu lhe agradeço pelo respeito mostrado ao Parlamento Europeu”, escreveu Tajani em seu perfil no Twitter.
Entretanto, a decisão de permitir a transmissão ao vivo não foi exatamente fácil. Foi preciso pressão, que aconteceu especialmente por parte de políticos de esquerda do Parlamento Europeu. O eurodeputado alemão Sven Giegold, por exemplo, apontou a incongruência no discurso de Zuckerberg com a decisão, até então, de se realizar a conversa de forma privada. “É uma vergonha como Zuckerberg promete mais transparência, mas não quer fazer declarações públicas no Parlamento Europeu. O Facebook opera uma plataforma pública e, portanto, precisa tomar responsabilidade publicamente por suas ações”, afirmara o parlamentar, em entrevista ao Financial Times na semana passada
Essa não é a primeira vez que Mark Zuckerberg é convidado a falar em solo europeu sobre sua empresa. Diversas vezes no passado, o CEO foi convocado a depor no Parlamento Britânico, mas sempre decidiu enviar um funcionário de menor escalão da empresa para os depoimentos. Em 1º de maio, o Parlamento Britânico, diante do escândalo da Cambridge Analytica, voltou a convocá-lo, para o dia 24 de maio, mas ele recusou novamente, o que fez com que o governo britânico ameaçasse forçá-lo a depor caso ele pisasse no Reino Unido.
Nos últimos tempos, até por nenhuma grande empresa de redes sociais ser europeia, o Parlamento Europeu tem pressionado as companhias tech a oferecer um serviço mais transparente e que proteja melhor a privacidade e as informações dos usuários.
Nesta sexta-feira (25), entra em vigor o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GPDR, na sigla em inglês), nova legislação rigorosa que se torna aplicável depois de dois anos de transição. Estão entre seus pontos mais relevantes: o direito dos cidadãos de “serem esquecidos” nas redes (de poder apagar todos os seus dados da rede); direito à portabilidade dos dados; obrigação das empresas de notificar violações de dados pessoais à autoridade de controle local; aplicação do regulamento aos responsáveis pelo tratamento dos dados (entidades que os controlam) e também aos subcontratantes (aqueles que tratam os dados); regras de tutela especial quanto a menores; realização de avaliações de impacto sobre a proteção dos dados (DPIA, na sigla em inglês) por parte das organizações.
Em um comunicado, Tajani voltou a destacar a importância do depoimento desta terça-feira: “Nossos cidadãos merecem uma explicação completa e detalhada. Eu dou as boas-vindas à decisão de Mark Zuckerberg de aparecer em pessoa diante dos parlamentares que representam 500 milhões de europeus. É um passo na direção certa para restaurar a confiança”.
[The Independent e European Parliament Magazine]
Imagem do topo: AP