Os desafios para os desenvolvedores de Android no Brasil

Em 2013 já podemos afirmar, sem medo: o Android é o sistema operacional móvel mais popular do Brasil. E o Brasil é um mercado imenso para a telefonia móvel – são mais de 250 milhões de linhas de celular por aqui, mais linhas do que habitantes no país. Portanto, não só o Android é grande […]

Em 2013 já podemos afirmar, sem medo: o Android é o sistema operacional móvel mais popular do Brasil. E o Brasil é um mercado imenso para a telefonia móvel – são mais de 250 milhões de linhas de celular por aqui, mais linhas do que habitantes no país. Portanto, não só o Android é grande no Brasil, como o Brasil é grande para o Android. E o Google sabe muito bem disso.

No começo do ano o Google disse que o Brasil era importante para seus planos, e não era apenas uma frase para agradar o pessoal daqui. Apesar do confuso lançamento do Nexus 7 por aqui e da demora da chegada do Nexus 4 nacional, o Google trabalha nos bastidores para melhorar a experiência do Android para os brasileiros. E isso envolve conversar diretamente com os desenvolvedores.

Na semana passada, a sede do Google em São Paulo recebeu o primeiro Next Level Apps, uma espécie de conferência do Google para os desenvolvedores daqui. E, ao realizar palestrar durante o dia inteiro, a empresa tentou se aproximar da comunidade desenvolvedora nacional. Mas o que, exatamente, pensam os desenvolvedores de Android no Brasil?

As principais preocupações com o sistema

Neto Marin é o responsável pelo relacionamento do Google com os desenvolvedores nacionais. E foi ele o anfitrião do Next Level Apps – ele recebeu os participantes e conversou com todos para saber quais são as dificuldades do pessoal por aqui. Entre os pontos mais comentados, ele destaca dois: comunicação com o usuário e layout.

Em relação à comunicação com o usuário, Neto diz que é não é uma questão exclusiva do Brasil – desenvolvedores em todas as partes do mundo têm dificuldade para mostrar como os usuários podem interagir com o app. Em uma das palestras, ele deu algumas dicas de como melhorar isso: usar notificações e widgets (estes que, segundo Neto, são o principal recurso que diferencia o Android dos concorrentes).

Mas usar notificações demais pode incomodar o usuário, certo? Sim, é claro. Ninguém gosta de receber um monte de mensagem no smartphone por qualquer coisa besta que seja. O que Neto sugere é usá-las para ajudar o usuário a entender o que está acontecendo dentro do app, e também como forma de facilitar o uso dele. Ele citou as notificações do Gmail, que, no Android 4.1, permitem responder ou arquivar um email sem precisar abrir o app. Já os widgets podem facilitar o uso de algumas funções simples do app – um conversor de moedas, por exemplo, poderia dar a opção de fazer a conversão rapidamente por um widget, e, se o usuário quisesse alguma informação mais completa, lembraria de usar aquele app para isso.

Apps mais bonitos

Um layout mais bonito, que dê vontade de usar o app. Esse é um grande desafio dos desenvolvedores.Criar uma interface de usuário agradável, intuitiva, que deixe claro como usar o app e o que ele oferece. Fazer um app bonito e funcional.

Segundo Neto, a dificuldade nesse ponto está no fato de que programadores não necessariamente são designers, então muitas vezes é preciso uma equipe um pouco maior – que inclua ao menos um designer – para criar um app bonito. Mas investir em um designer exige dinheiro, e nem sempre o projeto do app tem recursos para isso.

Desinformação

Ubiratan Soares é um programador freelancer e colaborador da Start Apps. Ele foi ao Next Level Apps para ajudar na orientação de um grupo de desenvolvedores que estavam lá para aprender mais sobre o Android. E, para ele, o maior desafio está na formação. Muitos programadores não sabem trabalhar com mobile, e há muito pouco sendo feito para mudar isso.

“O cara da web programa em java, e aí vai para mobile e toma uma surra”, disse. Sim, programar para web é diferente de mobile, e esse desconhecimento do mundo móvel é um enorme empecilho – contribui também para que muitos apps sejam feios.

E o desconhecimento também atinge quem quer um app. É a velha história do “o cliente não entende nada”, conhecida em diversas áreas (publicidade, especialmente), mas agora aplicada à programação. A falta de conhecimento do próprio público-alvo por parte dos clientes dificulta muito a vida dos desenvolvedores. “Eles querem apps para iOS para tirar o iPhone do bolso e mostrar para os amigos”, disse Ubiratan. “Quem encomenda o aplicativo, seja o dono da agência ou o dono da startup, ou por muitas vezes o designer que desenha o app e que está acostumado com o uso diário do iPhone, por vezes não presta atenção em como é a plataforma de Android em si…. Já cansei de ouvir coisas como ‘está faltando um botão voltar nessa tela’, mesmo hoje, 5 anos e 900 devices Android depois… Hoje em dia, eu simplesmente me recuso a atender esse tipo de pedido, sempre argumentando que com isso, quem sai no prejuízo é o usuário : esse SABE que o aparelho tem um botão de voltar…”

Nem sempre o iOS é a plataforma ideal.  Segundo Ubiratan, é normal que o cliente queira algo para iPhone, mas a plataforma nem sempre representa o público-alvo do cliente – em vários segmentos, o uso de Android é maior. Portanto, a criação de um app também exige estudo de público-alvo e um foco definido.

O Google está de olho

O evento reuniu todos os tipos de desenvolvedores. Desde os freelancers, como Ubiratan Soares, como os com ótimos exemplos de apps bem sucedidos – como o pessoal do Kekanto, um dos primeiros apps brasileiros a ser colocado entre os destaques da Google Play Store. Isso deixa bem claro uma coisa: há um potencial enorme entre os desenvolvedores nacionais, e, mesmo com tantas dificuldades, há quem se destaque. E está bem claro que o Google entende perfeitamente isso e está interessado em contribuir para o desenvolvimento dos programadores brasileiros – afinal, quem mais vai se beneficiar com isso é o próprio Android.

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