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Cientistas detectam anel ao redor de um planeta anão bizarro com ajuda de brasileiros

Descoberta pode ajudar os cientistas a aprenderem mais sobre anéis planetários em geral

Para além de Netuno, encontra-se um dos mais estranhos planetas anões do espaço, o Haumea. Essa rocha gelada ganhou seu formato de ovo de dinossauro amassado a partir de sua rotação rápida — um dia dura apenas quatro horas lá. Mas as coisas ficam ainda mais estranhas. Novas evidências encontradas são consistentes com a presença de um anel. Um pequeno anel para um pequeno planeta.

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Uma equipe internacional de astrônomos encontrou o anel do Haumea ao vê-lo a partir de observatórios na Europa, enquanto ele atravessava na frente da distante estrela URAT1 533− 182543, em 21 de janeiro de 2017. Como parte da equipe, estavam astrônomos e alunos brasileiros do Observatório Nacional, ligado ao Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), do Observatório do Valongo, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, e da Universidade Tecnológica Federal do Parana (UFTPR), filiados ao Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA).

Outros astrônomos não ficaram necessariamente surpresos com a descoberta, mas ela acrescenta ainda mais complexidade à já longa história do Haumea. Ele é um objeto controverso sobre o qual os cientistas não sabem muito.

“Em contraste com outros planetas anões, seu tamanho, formato, albedo (brilho) e densidade não são muito bem constritos”, escreveram os autores no estudo publicado nesta quarta-feira (11), na Nature.

Os detalhes específicos de como o Haumea diminuiu a luz daquela estrela distante seriam perfeitamente explicados por um anel semitransparente com uma largura de 73 quilômetros e um raio de 2.28 quilômetros. Eles também mediram a maior dimensão do planeta em torno de 2.322 quilômetros, então cerca de dois Haumeas alinhados longitudinalmente poderiam caber dentro do anel.

Konstantin Batygin, astrofísico planetário da Caltech, não ficou surpreso. “Esse é um resultado intrigante”, ele contou ao Gizmodo. “Mas se encaixa perfeitamente com nossa compreensão de como esse notável planeta anão se formou.” Ele explicou que o Haumea está girando super rapidamente, provavelmente como resultado de algum impacto gigante que aconteceu há bilhões de anos. Tal impacto criou as duas luas do planeta anão, Hiʻiaka e Namaka, e provavelmente uma nuvem de detritos também. Esses detritos teriam se juntado ao anel.

Mas a história recente do Haumea vai ainda mais longe do que isso; sua descoberta há uma década esteve envolta por controvérsia. Conforme detalha a New Scientist, a equipe do astrônomo Jose-Luis Ortiz alegou a primeira descoberta em 2005. Mas parece que alguém na instituição de Ortiz vinha peneirando as notas online do famoso caçador de planetas (e agora parceiro de Batygin) Mike Brown, que mostravam o objeto pouco antes do anúncio. Por fim, a União Astronômica Internacional decidiu dar ao planeta anão o nome cunhado por Mike Brown, Haumea, em vez do nome dado por Ortiz. Agora, Ortiz é o primeiro autor desse mais recente estudo na Nature.

Quanto ao contexto, existem outros objetos além do Haumea ou dos gigantes de gás com anéis também. Cientistas recentemente observaram anéis em torno de planetas anões, ou “Centauro”, Chariklo e Chiron, entre Saturno e Urano. O Haumea é um objeto muito maior e mais distante no Sistema Solar que, junto com os Centauro, pode ajudar os cientistas a aprenderem mais sobre anéis planetários em geral, escreve Amanda A. Sickafoose, astrônoma do MIT e do Observatório Astronômico Sul-Africano, em um comentário na Nature.

Ainda tem mais trabalho a ser feito na constrição de todas as especificidades do anel. Mas já dá para saber que vários objetos em nosso Sistema Solar ficam muito mais estranhos quando os cientistas os analisam de perto.

[Nature]

Imagem do topo: IAA-CSIC/UHU

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