Deserto Azul, o filme brasileiro de ficção científica que misturou editais e Kickstarter para existir

Todo mundo está cansado de saber que não é fácil fazer cinema no Brasil. Mas quando se trata de ficção científica, as coisas são um pouco mais complicadas. O projeto do filme Deserto Azul, do diretor e artista plástico Eder Santos, foi iniciado em 2005, quando foram criadas as primeiras versões de roteiro e storyboard. […]

Todo mundo está cansado de saber que não é fácil fazer cinema no Brasil. Mas quando se trata de ficção científica, as coisas são um pouco mais complicadas. O projeto do filme Deserto Azul, do diretor e artista plástico Eder Santos, foi iniciado em 2005, quando foram criadas as primeiras versões de roteiro e storyboard. Agora o filme está em pós-produção na Alemanha, com a ajuda de um projeto de crowdfunding ainda em aberto. Foram nada menos que cinco anos captando dinheiro para as filmagens.

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“Os editais não aprovam projetos de filmes pouco comerciais. É sempre a mesma turma de produtores que consegue o dinheiro e é difícil quebrar essa barreira. Mas isso não é só no Brasil, acho que é no mundo todo. Por isso o pessoal desiste de tentar a ficção científica aqui. Além de tudo ainda tem uma trabalheira danada de pós-produção”, comenta Eder, rindo.

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No universo em que se passa o filme, a ciência já resolveu todos os problemas do homem: não há mais guerras ou problemas sociais e o que resta aos seres humanos é a busca de um alto grau de desenvolvimento espiritual. O objetivo do do personagem central, interpretado por Odilon Esteves, é “transcender”. Mas transcender o quê? Nem ele mesmo sabe. O filme brinca com a realidade e as relações entre o tempo e o espaço são desconstruídas numa atmosfera onírica.

O processo de captação de verba do filme foi longo e complicado. “Conseguimos captar um milhão e duzentos mil, mas com esse dinheiro não daria para fazer tudo. Então eu decidi que a gente filmaria e depois iria atrás do dinheiro para finalizar, que é o que estamos fazendo agora com o crowdfunding.”

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As filmagens foram feitas em Brasília e no Deserto do Atacama, no Chile. Agora, a pós-produção está sendo feita no Estúdio Post-Republic, em Berlim. As gravações em Brasília aproveitaram a arquitetura pitoresca da cidade. “Quando começamos a criar o filme, o pessoal estava inventando prédios e eu disse ‘Olha essas fotos de Brasília, não precisa ficar desenhando esse tanto de coisa, já temos nossa cidade futurista’. Foi muito divertido pra gente fazer isso, Brasília é meio que a distopia brasileira.”

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O projeto conta com atores conhecidos, como Ângelo Antônio, Maria Luísa Mendonça e Chico Diaz. A fotografia foi dividida entre Pedro Farkas (A Ostra e o Vento, Um copo de cólera e Zuzu Angel) e Stefan Ciupek, especialista em pós-produção digital que trabalhou em 127 horas, Anticristo e no ganhador do Oscar Quem quer ser um milionário?.

O filme traz um detalhe inovador: os cenários trazem obras de 11 artistas plásticos, como Adriana Varejão, Carlito Carvalhosa, Nydia Negromonte e Rita Meyers. Durante as gravações de 2010, o set de filmagens foi aberto ao público e se tornou uma exposição das obras de arte contemporânea usadas na cenografia. “Todos os artistas foram muito bacanas. A Adriana Varejão cedeu uma obra e permitiu que nós criássemos uma réplica, porque o seguro da original era muito caro. Alguns artistas abriram mão daquela coisa da originalidade para terem suas obras no nosso cenário”.

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Embora ainda não seja uma estréia oficial, o filme será exibido no Videobrasil, um festival que começa no dia 5 de novembro. O lançamento oficial de Deserto Azul está previsto para o início de 2014.

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