Não adianta desligar os serviços de localização, pois o Facebook continua monitorando onde você está

Alesksandra Korolova desligou o acesso de sua localização no seu Facebook de todas as formas que ela podia. Ela desligou o histórico de localização do app do Facebook e solicitou ao seu iPhone que ela “nunca” quer que o app veja o local onde ela está. Ela não faz check-in em lugares e nem coloca […]
Ilustração por Chelsea Beck/Gizmodo

Alesksandra Korolova desligou o acesso de sua localização no seu Facebook de todas as formas que ela podia. Ela desligou o histórico de localização do app do Facebook e solicitou ao seu iPhone que ela “nunca” quer que o app veja o local onde ela está. Ela não faz check-in em lugares e nem coloca a cidade onde vive no perfil dela.

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Apesar disso tudo, ela constantemente vê propagandas baseadas na localização dela no Facebook. Ela vê anúncios voltados para “pessoas que vivem próximo a Santa Monica” (onde ela mora) e para “pessoas que vivem ou estiveram recentemente em Los Angeles” (onde ela trabalha como professora assistente da Universidade do Sul da Califórnia). Quando ela viajou para o Glacier National Park, ela viu uma propaganda para atividades em Montana, e quando ela fez uma viagem a trabalho para Cambridge, em Massachusetts, ela viu uma núncio para uma escola de cerâmica de lá.

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O Facebook continua a monitorar a localização de Korolova para exibir anúncios, apesar de ela ter sinalizado de todas as formas possíveis que ela não quer que a rede faça isso.

Isso foi especialmente perturbador para Korolova, como ela conta em um post no Medium, pois ela estudou os danos à privacidade das propagandas do Facebook, incluindo como a rede pode reunir dados sobre as curtidas das pessoas, estimar renda e interesses (inclusive ela e Irfan Faizullabhoy ganharam US$ 2.000 do programa de bugs do Facebook), e como a plataforma pode ser usada para enviar propagandas específicas para uma casa ou um prédio — poderia ser usado, por exemplo, por um grupo anti-aborto para exibir propagandas de roupa de bebê para mulheres pró-aborto.

Korolova achou que o Facebook poderia estar obtendo sua localização com base no endereço IP, algo que a rede diz coletar por razões de segurança. Não seria a primeira vez que o Facebook usa informações obtidas por razão de segurança para publicidade; anunciantes podem criar campanhas de usuários do Facebook baseado no número de telefone que eles forneceram para a autenticação de dois fatores. Como o New York Times recentemente reportou, vários apps estão monitorando os movimentos dos usuários em alta escala. O jornal sugere desligar os serviços de localização nos ajustes do seu telefone, mas mesmo assim, os apps conseguem obter informações ao analisar a rede Wi-Fi ou o endereço IP que você estiver usando.

Quando questionado sobre isso, o Facebook disse que é exatamente o que a rede faz, que isso é normal e que os usuários deveriam saber que isso acontece se eles lessem o que dizem várias páginas do Facebook sobre este assunto.

“O Facebook não usa dados de Wi-Fi para determinar sua localização para propagandas, se você desativar os serviços de localização”, disse um porta-voz do Facebook por e-mail. “Nós usamos IP e outras informações, como check-ins e a cidade do seu perfil. Nós explicamos isso para as pessoas, incluindo em nosso site de princípios básicos de privacidade [Privacy Basics] e no site sobre propagandas no Facebook.”

No Privacy Basics, o Facebook dá conselhos de “como gerenciar sua privacidade” com relação à localização, mas diz que, independente do que você fizer, o Facebook ainda conseguirá “entender sua localização usando itens como…informações sobre sua conexão à internet.” Isso é reiterado na área sobre propagandas do Facebook em que é informado que propagandas podem ser baseadas em sua localização, que é obtida “usando onde você se conecta à internet” entre outras coisas.

Estranhamente, em 2014, o Facebook disse em um blog post que “as pessoas têm controle sobre as informações recentes de localização que elas compartilham com o Facebook, e que elas só veem propagandas baseadas em sua localização recente se os serviços de localização estiverem ativados no telefone delas”. Aparentemente, a política mudou — o Facebook disse que iria atualizar este post antigo.

É, talvez isso seja esperado. Você precisa de um endereço IP para usar a internet e, pela natureza de como a internet funciona, você revela esse número para um app ou um website quando você os utiliza (embora você possa esconder seu IP usando algum fornecido pelo navegador Tor ou por uma VPN).

Há várias companhias especializadas em mapear a localização de endereços IP, e embora às vezes não consiga muita precisão, esse número dará uma boa aproximação da região de onde a pessoa está, como estado, cidade ou CEP. Muitos websites usam o IP para personalizar ofertas, e muitos anunciantes o utilizam para mostrar propagandas direcionadas. Isso significa, por exemplo, mostrar propagandas de um restaurante em San Francisco, se você vive lá, em vez de propagandas de restaurante em Nova York. Neste contexto, o Facebook está usando esta informação para fazer algo que não é tão incomum.

“Não existe uma forma de as pessoas optarem por não terem sua localização usada inteiramente para publicidade”, disse um porta-voz do Facebook por e-mail. “Nós usamos a cidade e CEP, que são dados que coletamos a partir do endereço IP, e outras informações como check-ins e cidade em que a pessoa diz morar — tudo isso para assegurar que estamos oferecendo um bom serviço para as pessoas: de assegurar que elas vejam o Facebook no idioma correto, para verificar que elas estão vendo eventos próximos e propagandas de negócios próximos a elas.”

A questão é se o Facebook não deveria ter padrões mais altos, dada a sua relação com os usuários. Os usuários deveriam ter a possibilidade de falar “ei, eu não quero que minha localização possa ser rastreada para fins de publicidade”? E o Facebook não deveria impedir que anunciantes consigam direcionar propaganda baseado na localização deles? Kolokova acha que este seria o caso.

“Os dados de lugares que uma pessoa visita e onde ela vive revelam bastante coisa”, escreveu ela no Medium. “Sua coleta e uso clandestino de segmentação podem abrir caminho para anúncios que sejam prejudiciais, segmentar as pessoas quando elas estiverem vulneráveis ou permitir assédio e discriminação.”

Neste ponto, o Facebook discorda. Parece que o endereço IP fornece uma aproximação bruta de localização, o que é um uso até perdoável. Para evitar isso, você poderia parar de usar o app do Facebook do seu smartphone (onde o IP tende a ser mapeado com mais precisão) ou usar uma VPN quando for se logar no Facebook. Ou, é claro, tem sempre a opção de sair do Facebook.

Se você não liga de o Facebook saber sua localização, e você tem “os serviços de localização” ativados para o app em seu smartphone, saiba que o Facebook tem muitos detalhes seus! Em uma página para anunciantes sobre monitoramento de pessoas que entram em uma loja após ser impactado por uma propaganda, o Facebook diz que “nós podemos usar as assinaturas de Wi-Fi e Bluetooth para dar a localização delas com mais precisão” e “atualizações de localização que possam ocorrer enquanto o app do Facebook estiver fechado.”

Se você não se importa, ok! Se você se importa, é melhor você revisar os ajustes de localização do Facebook.

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