Desmascarando três ideias furadas sobre privacidade online

Existem algumas ideias furadas circulando sobre privacidade na internet, e resolvemos esclarecer por que elas não fazem nenhum efeito.
Ilustração mostrando computador e marcas de tecnologia
Gizmodo

Os defensores da privacidade dos EUA deixaram escapar um soluço coletivo em 2017, quando o Congresso desmantelou um conjunto de regras de privacidade na internet da era Obama. De fato, os republicanos apenas deram às grandes empresas de telecomunicações acesso irrestrito ao seu histórico de navegação e até deixaram os ISPs (provedores de serviço) venderem esses dados com lucro. Como discutimos antes: isso é péssimo.

Existem maneiras de lidar isso. A navegação em uma rede virtual privada (VPN) ou o uso do Tor são duas das melhores maneiras de manter sua privacidade diante da vigilância corporativa e governamental. No entanto, algumas das dicas de privacidade que circulam na web após o último erro do Capitol Hill não são apenas ruins, elas são totalmente incorretas e, em alguns casos, até perigosas.

Então, vamos seguir em frente e desmascarar as três piores dicas de privacidade em circulação. É para o seu próprio bem.

1. Excluir o histórico de navegação não funciona

Isso parece fazer tanto sentido que até grupos políticos com dezenas de milhares de seguidores estavam incentivando as pessoas a fazê-lo. O único problema é que a exclusão do histórico de navegação não impede absolutamente ISPs (provedores), anunciantes ou os governos de rastrear você na web.

A razão para isso é simples: o botão “limpar histórico” no navegador da web exclui apenas o histórico do navegador no armazenamento local. De fato, alguns dados ainda permanecem, embora ocultos no cache do DNS. Você pode limpar esse cache reiniciando o computador, mas já será tarde demais. Muitas partes – incluindo ISPs, anunciantes e governos – armazenam seu histórico de navegação em tempo real, e esses dados estão a apenas um mandado de busca de serem revelados. Mesmo sem um mandado, as empresas ainda podem usar os dados para veicular anúncios mais relevantes ou simplesmente vendê-los a um profissional de marketing.

A propósito, limpar o histórico de pesquisa também afeta apenas o seu próprio disco rígido. O Google mantém tudo isso muito bem guardado. Se você deseja pesquisar na internet sem ser rastreado, use o DuckDuckGo.

Portanto, não se preocupe em excluir seu histórico de navegação ou pesquisa em busca da privacidade. Você permitiu que pessoas de fora espionassem você no segundo em que abriu o navegador sem usar uma VPN. Embora não seja completamente imune ao rastreamento, eles oferecem muito mais proteção do que um inútil botão de “limpar histórico”.

2. Usar uma janela anônima não funciona para questões de privacidade

Isso seria útil se funcionasse da maneira que o Google, Apple e Mozilla sugerem. A navegação privada e as janelas anônimas oferecem uma camada extra de privacidade, o suficiente para que seus sites pornográficos não sejam preenchidos automaticamente em uma janela normal do navegador e suas pesquisas não são salvas localmente. É aí que os benefícios da privacidade param, no entanto.

Assim como limpar o histórico do navegador, as janelas de navegação anônima e privada apenas impedem que seus dados sejam armazenados localmente. Isso significa que toda a sua atividade ainda pode ser rastreada por sites, aplicativos, ISPs, anunciantes e pelo governo idividualmente. Em outras palavras, quando você pensa que está usando uma capa mágica de invisibilidade em uma janela anônima, na verdade está apenas usando um chapéu engraçado. O resto da internet ainda pode ver tudo.

Deseja uma verdadeira experiência de navegação privada? Use o Tor. O serviço de internet anônimo oferece várias camadas de proteção, mascarando sua identidade e atividade online dos olhares indiscretos de grandes corporações e grandes governos. Uma VPN é outra boa opção.

3. Instalar um bloqueador de anúncios não funciona

Isso parece um pouco contra-intuitivo – o que é parte do motivo pelo qual é arriscado. Bloqueadores de anúncios como o Adblock Plus e o uBlock Origin impedem que terceiros executem certos scripts que podem identificar onde você está e o que gosta (entre outras coisas). A proteção está longe de ser abrangente, no entanto. Afinal, o software foi projetado para bloquear anúncios e impedir que malwares desagradáveis ​​sejam carregados no seu navegador. Não é exatamente uma ferramenta de privacidade.

Existem outros complementos e extensões projetados especificamente para proteger sua privacidade. Os exemplos incluem Disconnect, Do Not Track Me e Privacy Badger. Existem algumas razões para ter cuidado com esses aplicativos, no entanto. Primeiro, eles ainda não oferecem o mesmo nível de proteção que uma VPN ou Tor. E dois, esse tipo de software pode ser -e já foi- hackeado. A única coisa pior do que fornecer mais dados sobre o Google ou seu provedor de serviços de internet é permitir que os hackers se apoderem deles.

Para conclusão, se você gosta de privacidade, deve considerar um serviço VPN e/ou Tor. Não dê ouvidos a quem lhe disser o contrário.

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