O Lollipop está pronto: o código aberto do sistema está disponível para qualquer pessoa e para qualquer fabricante. Assim como em todo lançamento do Android, a versão 5.0 provavelmente levará uma semana ou duas para chegar à linha Nexus, e talvez um ou dois meses até aparecer em outros dispositivos.
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Mas, enquanto isso, eu venho usando o Lollipop no Nexus 9 e Nexus 6, e a versão preview para desenvolvedores no meu Nexus 5. Isso não basta para uma análise aprofundada, mas é o suficiente para ter algumas ideias gerais do sistema. A principal delas: o Android Lollipop é fantástico.
Notificações
Vou começar com uma das melhores partes do Android Lollipop até agora: as notificações. Agora o sistema tem pequenos cards de notificação na tela de bloqueio. Puxe-os para baixo, e você obtém acesso a uma lista completa e a um menu de configurações sem desbloquear o aparelho; toque duas vezes no card, e isso abra o app correspondente. É ótimo.
Em versões anteriores do Android, você pode obter algo próximo a isso usando o DashClock, por exemplo. Mas ter notificações automaticamente na tela de bloqueio é um sonho. Isto tornou meu celular infinitamente mais útil como uma segunda tela enquanto estou na minha mesa.
É mais fácil do que nunca checar as notificações de relance e limpá-las direto na tela de bloqueio. Elas se tornam quase uma lista de tarefas gerada automaticamente: você pode deslizar notificações do Facebook para a direita, removendo-as; e tocar duas vezes para ler seus e-mails. E, claro, as animações que acompanham o processo são vibrantes, vivas e simplesmente agradáveis.
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Tela de bloqueio
A outra parte ótima: eu uso uma tela de bloqueio protegida por PIN, mas nunca percebo. É que, com o novo Smart LockScreen, sempre que meu smartphone está emparelhado com meu smartwatch (ou com um dos meus alto-falantes Bluetooth), a tela de bloqueio desaparece. Isso me permite acessar e-mails diretamente, sem bloquear e desbloquear a tela o tempo todo.
Há muito tempo, eu criei algo semelhante usando um celular com root e o Tasker: sempre que o smartphone estivesse emparelhado via Bluetooth, a senha não seria necessária. Mas o Smart Lockscreen torna tudo extremamente fácil. A única coisa que falta é a opção de usar redes Wi-Fi confiáveis ou dados de localização para desbloquear automaticamente.
O desbloqueio facial continua no Android, mas com um ajuste sutil que o torna muito mais útil. Em vez de exibir seu rosto na tela, ele apenas mostra suas notificações e procura o seu rosto em segundo plano. Se conseguir ver você, ele desabilita a senha. Senão, você precisa inserir o código de segurança. Eu tenho isso ativado e só sei que está funcionando porque não preciso digitar um PIN. É perfeito, exatamente da forma que deve ser.
Apps do Google
O Lollipop também traz alguns novos aplicativos. O Gmail agora tem suporte a outras contas de e-mail – do Outlook e Yahoo – e ganhou um novo visual em vermelho. (O Google também está tentando reinventar o e-mail com o Inbox.)
O Agenda/Calendar, por sua vez, é completamente novo. Ele gera eventos automaticamente baseado nos e-mails que você recebe – em tese; ainda não vi isso acontecer – e permite que você insira eventos usando uma frase. Funciona assim:
Isso me fez agendar meus planos pessoais pela primeira vez em anos. Acho que posso estar começando a ficar organizado, mas não vou fazer um veredicto por enquanto.
Esses são os recursos que mais se destacaram para mim. Há outros! Existe um modo “apenas notificações prioritárias”, que permite optar por um fluxo de notificações mais fácil de lidar. É possível fixar apps e compartilhar seu smartphone sem compartilhar tudo nele – seu amigo só poderá usar esses apps. Também há um modo de economia de bateria que reduz o desempenho e se ativa automaticamente quando a bateria está em 15%.
Sim, várias dessas coisas já existiam no Android personalizado por fabricantes, ou no iOS, ou no Windows Phone. Mas é ótimo que todos estão presentes no Android padrão, e poderão chegar a mais pessoas.
Material Design
E também, claro, o sistema é bem bonito de se ver e usar, graças às animações e ao novo design que agora estão na base do Android. Os cards de notificação “saltam” de maneira sutil quando você os expande. Um botão na tela inicial “explode” para exibir a gaveta de apps instalados. O simples ato de tocar nas coisas para selecioná-las gera uma pequena animação ondulada que é agradável e sutil. O Material Design é maravilhoso em movimento.
E não é apenas o movimento. O Lollipop – e os apps do Google que ganharam redesign – usam muito bem as cores. Parece bobagem, mas eu uso o app Mensagens só porque realmente gosto de ver o botão amarelo flutuante de “nova mensagem” contra o branco e azul no resto da tela. Ele é vibrante sem ser agressivo ou enjoativo. É agradável de se ver e divertido de se usar. O Android nunca teve uma visão tão clara assim de como deveria se comportar sob seus dedos. Agora essa visão existe, e é ótima.
Infelizmente vai demorar um pouco até que muitas pessoas possam aproveitar tudo isso. O Android se move devagar e, mesmo que novas versões sejam distribuídas mais rapidamente, a situação ainda está longe do ideal. O KitKat, por exemplo, levou um ano para chegar a menos de um terço dos dispositivos.
A boa notícia é que diversas fabricantes – como Motorola e Sony – já prometem trazer o Android 5.0 para seus principais dispositivos o quanto antes. E assim como o KitKat, o Lollipop é projetado para rodar com poucos recursos: praticamente qualquer smartphone Android – com 512 MB ou mais de RAM – deve lidar bem com todas as animações.
O Lollipop é um avanço enorme para o Android. Não é a primeira vez que o Google reinventa seu sistema móvel, mas a versão 5.0 é uma base sólida para os próximos anos – e tem tudo para emplacar.