Filmes que retratam a Idade Média costumam mostrar cenas de grandes banquetes lotados de carne. Mas essa relação pode estar equivocada. Estudos feitos por pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostrou que a maioria dos reis anglo-saxões mantinham uma dieta majoritariamente vegetariana.
Os cientistas chegaram à conclusão após analisar assinaturas químicas de dietas preservadas nos ossos de 2.023 pessoas enterradas na Inglaterra entre os séculos 5 e 11. Para saber o status social dos esqueletos, os pesquisadores cruzaram as informações com itens presentes nas sepulturas, a posição do corpo, entre outros pontos. Tudo isso pode indicar quem tinha “sangue azul” ou não.
E lá estava a surpresa: membros da elite não comiam mais carne do que outros grupos sociais. A proteína estava presente, mas de forma tímida, sugerindo uma maior ingestão de grãos e cereais.
A ideia de que a elite consumia muita carne, no entanto, não surgiu do nada. Ela é baseada em escritos medievais bastante similares a listas de compras. Os cientistas foram então estudar essas listas para entender os banquetes do passado.
Então, perceberam que um dos escritos pedia a compra de 300 pães, o que levou os cientistas a sugerir que uma unidade do alimento foi distribuída para cada convidado. Calculou-se também 712g de carne por cabeça, 300g de peixe e ainda queijo, mel e cerveja para todos.
Estamos falando aqui de 300 convidados, o que leva a crer que a festa não se restringiu à elite. Na verdade, os banquetes parecem ter sido ofertados pelos próprios camponeses donos de fazendas, que atraíam a elite e possibilitavam discussões políticas.
A quantidade de carne também pode até ser bem alta, mas quem nunca exagerou nas compras do churrasco? A comida do dia a dia já é outra história.