A Ubisoft, desenvolvedora de Assassin’s Creed e Far Cry, está sendo — novamente– alvo de denúncias sobre assédio. Desta vez, tanto a empresa quanto o CEO Yves Guillemot são acusados de “assédio institucional”.
A queixa foi apresentada ao tribunal criminal ontem (16) em nome da “Solidaires Informatique Jeu Vidéo”, o sindicato dos trabalhadores franceses, e dois ex-funcionários da Ubisoft.
O sindicato divulgou a reclamação no Twitter com detalhes da denúncia:
📢 UBISOFT – Dépot de plaintehttps://t.co/iGn5BPDmFH pic.twitter.com/0AIqAhrBFX
— Solidaires Informatique Jeu Vidéo (@SolInfoJeuVideo) July 16, 2021
“A reclamação visa a Ubisoft, como uma entidade legal, para o assédio sexual institucional por estabelecer, manter e reforçar um sistema onde o assédio sexual é tolerado porque é mais lucrativo para a empresa manter os assediadores no lugar do que proteger seus funcionários”. Segundo a nota.
A denúncia tem como alvo funcionários e ex-funcionários da empresa, dentre eles o ex-diretor criativo Serge Hascoët e o ex-VP editorial Tommy François. Ambos se demitiram ano passado após vários relatos de má conduta sexual na sede da empresa em Paris.
Ao mesmo tempo, a ex-chefe do Recursos Humanos. Cecile Cornet, também foi denunciada por permitir que “o assédio floresça dentro da empresa”. Cornet pediu demissão após o escândalo.
No caso de Guillemot, ele aparece no documento por estar no comando da empresa enquanto esses problemas aconteciam. “Acreditamos que, como gerente, ele [Yves Guillemot] foi necessariamente informado. Ele deve responder pela política de RH da empresa”, disse Maude Beckers, a advogada que representa as vítimas na denúncia à agência de notícias francesa AFP.
Casos do passado
Essa já não é a primeira denúncia de assédio que a Ubisoft recebe. Em 2020, a empresa francesa foi alvo de diversas denúncias sobre abuso por parte de funcionários. Guillemot comunicou, na época, que tomaria providências sobre o assunto.
De acordo com uma pesquisa divulgada no outono passado, um em cada quatro funcionários da Ubisoft testemunhou ou experimentou diretamente uma conduta imprópria.
Em maio deste ano, o site Le Telegramme relatou reclamações de alguns funcionários atuais e antigos da Ubisoft de que quase não mudaram seu comportamento em relação ao ano anterior. Isso gerou uma carta do próprio Guillemot destacando algumas das etapas que a empresa havia tomado, dentre elas a contratação de um vice-presidente de Diversidade e Inclusão Global e o treinamento obrigatório sobre assédio.
No mês seguinte, a “Solidaires Informatique acusou a Ubisoft Montreal de continuar a manter três gerentes acusados de “assédio ou comportamento tóxico”, mesmo após terem sido denunciados por outros funcionários.
No início de julho, a Bloomberg relatou que as preocupações com a falta de acompanhamento da Ubisoft levaram a uma “nova rodada de reclamações no quadro de mensagens interno da Ubisoft”.
“Qualquer funcionário que teve alegações de assédio e permanece na Ubisoft teve seu caso analisado rigorosamente por um terceiro e foi inocentado ou foi submetido a ações disciplinares apropriadas”, disse um porta-voz da Ubisoft à Bloomberg no início deste mês. “Os funcionários que estiveram sob investigação não permaneceriam na Ubisoft se os resultados das investigações justificassem o encerramento”.
O Kotaku também ouviu diretamente de vários funcionários atuais da Ubisoft que continuam insatisfeitos com a resposta contínua da empresa um ano depois.
Por enquanto, a Ubisoft não comentou sobre as novas denúncias.
[Kotaku]