Por que “C” é a letra padrão para o disco rígido em tantos computadores
Em computadores pessoais rodando sistemas operacionais como o MS-DOS e Windows, o disco rígido principal sempre é designado por padrão com a letra “C”. Por quê?
A ideia de dar letras simples a dispositivos de armazenamento é geralmente atribuída aos sistemas operacionais de máquinas virtuais da IBM, desenvolvidos na década de 60, começando com o CP-40 e CP/CMS. Isso foi depois copiado pelo sistema CP/M, da empresa Digital Research, Inc.
Nos primeiros sistemas (CP/CMS), as letras eram usadas principalmente para designar unidades lógicas; mais tarde, no CP/M, elas serviam para especificar dispositivos de armazenamento físico.
Negociações
Isso tudo nos leva a 1980, quando a IBM tentou usar o sistema operacional CP/M – relativamente popular na época – no IBM Personal Computer.
As negociações entre a IBM e a Digital Research não levaram a um acordo, por razões ainda não totalmente claras. Rumores dizem que o problema começou quando Dorothy Kildall – esposa de Gary Kildall, criador do CP/M – se recusou a assinar um acordo de confidencialidade com a IBM.
Ela supostamente disse que não iria assinar tal documento sem falar primeiro com o marido, que estava fora da cidade a negócios. Isso foi algo incomum, pois Gary muitas vezes deixava tais negociações comerciais para ela resolver.
Esta recusa em assinar o acordo de confidencialidade teria irritado muito os representantes da IBM, e foi supostamente motivada por Gerry Davis, advogado da Digital Research. Mas cada um diz uma coisa, então tudo parece bem estranho – especialmente porque esse tipo de acordo é uma prática muito comum em negociações comerciais.
O que aconteceu depois também é nebuloso. Segundo Gary Kildall, ele e a esposa embarcaram em um voo para saírem de férias, e nele estava Jack Sams, um representante da IBM. Eles teriam chegado a um acordo informal, que Kildall alega não ter sido honrado pela IBM. Sams disse que nada disso aconteceu.
Microsoft
Seja qual for o caso, o que sabemos com certeza é que a IBM deixou de usar o CP/M para negociar com a Microsoft, que comprou uma licença para um clone do CP/M chamado 86-DOS (ou QDOS). Então a Microsoft adaptou o sistema para o novo computador da IBM, com algumas mudanças significativas, e deu a ele o nome de MS-DOS (embora a IBM o chamasse de PC DOS).
Como o MS-DOS copiava muitos elementos do CP/M, pacotes de software populares que rodavam no outro sistema podiam ser portados de forma relativamente fácil, e usados no novo IBM PC. A Microsoft também pegou emprestado o esquema de letras de unidade de disco – que, por sua vez, usou a ideia dos sistemas da IBM que mencionamos anteriormente.
Disquetes
Isso tudo nos leva de volta para o esquema de letras de unidade. Os primeiros PCs não costumavam vir com armazenamento interno, devido ao alto custo (discos rígidos existiam desde a década de 50). Em vez disso, eles geralmente tinham um leitor de disquete, tais como aqueles usados para ler disquetes de 5,25″. Eles eram rotulados como “A” em certos sistemas operacionais, como o MS-DOS.
Alguns PCs vinham com dois drives, o que trazia a necessidade de usar a letra “B”. Quando leitores de disquete 3,5″ passaram a ser adicionados aos PCs, usar “A” e “B” para drives de disquetes se tornou algo bastante comum.
Foi nos anos 80 que as unidades de disco rígido se tornaram padrão na maioria dos PCs. Como as duas primeiras letras do alfabeto já eram comumente usados para os drives de disquete, logicamente eles marcaram o terceiro dispositivo como “C”, mesmo quando ele era o principal meio de armazenamento no computador, guardando inclusive o sistema operacional.
Mesmo hoje em dia, este esquema de designar unidades não mudou: as letras “A” e “B” muitas vezes ainda são reservadas para drives de disquete. É claro que essas letras não são imutáveis: você pode facilmente alterá-las no Windows se tiver direitos administrativos, como a Microsoft explica aqui.
Fatos bônus:
- os sistemas baseados em UNIX e Linux não usam letras de unidade, e sim uma só configuração hierárquica. Assim, por exemplo, a raiz da hierarquia é simplesmente “/” em vez de “C:”. “/home” pode realmente ser um drive físico, ou apenas uma unidade lógica. Da mesma forma, qualquer unidade física ou lógica pode ser montada em qualquer lugar na hierarquia.
- o MS-DOS nem sempre usou o “C” como padrão para o disco rígido em todos os sistemas. Por exemplo, no Apricot PC lançado em 1983, “A” e “B” eram reservados para discos rígidos; e “C” e “D”, para drives de disquetes.
- Bill Gates lidera a lista de bilionários da Forbes, com um patrimônio líquido de US$ 78,1 bilhões em em março de 2015. O cofundador da Microsoft, Paul Allen, está em 51º lugar com US$ 17,4 bilhões. Steve Ballmer, que ingressou na empresa como um funcionário em 1980 e tornou-se seu maior acionista individual em 2014, está em 35º lugar com US$ 20,6 bilhões.
- mesmo estando no topo da lista da Forbes, Bill Gates havia doado US$ 28 bilhões por meio da Gates Foundation, através de doações para expandir a imunização infantil, bolsas de estudos, projetos para criar uma vacina contra a malária e erradicar a poliomielite, entre muitas outras coisas. O Gates Foundation Trust Endowment está agora em US$ 43,5 bilhões, que inclui US$ 15 bilhões em doações de Warren Buffett, número 3 na lista da Forbes.
Melissa escreve para o site TodayIFoundOut.com, com muitos fatos interessantes. Clique aqui para assinar a newsletter “Conhecimento Diário”, ou curta a página no Facebook aqui.
Este post foi republicado com permissão de TodayIFoundOut.com. Foto por jm2c/Flickr.