Venda de vinis supera a de CDs pela primeira vez nos EUA desde a década de 1980
Estamos em 2020 e discos de vinil aparentemente não são uma coisa só de hipsters. De acordo com um novo relatório da RIAA (Recording Industry Association of America), este ano marcou a primeira vez que a venda de discos de vinil superou a de CDs (compact discs) desde a década de 1980.
Ainda que o marco seja curioso, isso não necessariamente representa cifras imensas. A venda de vinis representou pouco mais de US$ 232 milhões para a indústria da música na primeira metade de 2020, enquanto a comercialização de CDs que chegou próximo a US$ 130 milhões.
Você pode esta se perguntando: por que diabos as pessoas ainda compram CD? Fãs do formato poderiam, por exemplo, argumentar que a qualidade deles é melhor que do vinil.
Em uma comunidade no Reddit para audiófilos é pontuado que o CD é mais barato que o vinil, sem contar que é mais portátil e tem som comparável. Apesar disso, o fã clube do formato está cada vez menor com o tempo.
Uma reportagem de 2019 da Rolling Stone relatava que naquele ano as vendas de CDs despencaram cerca de três vezes, enquanto a de vinis continuava crescendo. Se continuasse deste jeito, as vendas de disco ultrapassariam os CDs pela primeira vez desde 1986. Pelo jeito, a profecia foi cumprida.
O dinheiro deste ramo de música, é óbvio, ainda é predominante no streaming. Os mais de US$ 200 milhões de vendas em vinis não se comparam com a arrecadação na casa dos US$ 4,8 bilhões do Spotify no mesmo período.
Embora esses e outros serviços de streaming estivessem preparados para faturar em 2020, os lockdowns impostos por causa da pandemia impulsionaram esta receita. De modo geral, as vendas de todos os formatos físicos despencaram, eliminando cerca de um quarto dos lucros obtidos no ano passado. De acordo com os número da RIAA, as vendas de LPs, cassetes e CDs caíram de pouco mais de US$ 485 milhões no primeiro semestre de 2019 para cerca de US$ 376 milhões no primeiro semestre de 2020 — uma queda de cerca de 23%.
O som do vinil é realmente “mais rico” e “mais aconchegante”? Realmente importa que o formato padrão da minha infância, o CD, está se extinguido em um ritmo menos rápido? De qualquer forma, a perda desses tipos de meios físicos significa que as bandas ficam com menos opções para arrecadar receita — com espaços para show em todo mundo praticamente fechados e serviços de streaming pagando pouco aos artistas, a situação não é das melhores para os músicos.
Para que a roda volte a girar para o setor musical, só voltando os shows ou eventualmente os serviços de streaming passarem a tratar com maior seriedade o talento destes artistas.