Ciência

Discriminação racial aumenta risco de obesidade e complicações de saúde, diz estudo

Estresse das experiências de discriminação altera funções biológicas e leva as pessoas a escolhas alimentares ruins, aumentando risco de obesidade
Imagem: jurien huggins/ Unsplash/ Reprodução

Uma nova pesquisa descobriu que pessoas que são alvos frequentes de discriminação racial ou étnica podem ser mais suscetíveis à obesidade. Isso porque estes episódios desencadeiam uma resposta ao estresse que altera processos biológicos e a maneira como processam estímulos alimentares. 

Este é o primeiro estudo que examina diretamente os efeitos da discriminação na alimentação. Os resultados foram publicados na revista Nature Mental Health.

Entenda a pesquisa

De início, os participantes do estudo completaram um questionário sobre situações de tratamento injusto. Com base em suas pontuações, eles foram divididos em grupos de alta ou baixa exposição à discriminação.

Em seguida, os participantes da pesquisa passaram por uma ressonância magnética. Durante o processo, os pesquisadores mostraram imagens de cinco tipos de alimentos. 

A ideia era avaliar estímulo alimentar de cada tipo de comida em regiões-chave do cérebro. 

Em geral, pessoas sofreram mais discriminação tiveram maior ativação de regiões do cérebro associadas à sensação de bem-estar depois de consumir certos alimentos. Entram aqui, por exemplo, as áreas de processamento de recompensas e desejos.

Além disso, todos os participantes também forneceram amostras de fezes. Nelas, os pesquisadores buscaram mudanças em 12 substâncias que são resultantes da quebra de glutamato.

O glutamato é um neurotransmissor associado a diversas respostas ao estresse e ao envelhecimento. Assim, os cientistas puderam perceber que aqueles participantes que sofreram mais discriminação tinham níveis mais altos de duas dessas substâncias.

Isso evidencia que essas pessoas estão mais expostas a processos inflamatórios, estresse oxidativo e maior risco de desenvolver obesidade.

Estresse, inflamação e escolhas alimentares ruins

Dessa forma, o estudo concluiu que o estresse das experiências de discriminação alterou a comunicacão entre cérebro e microbiota intestinal. Por isso, pode levar as pessoas a comportamentos alimentares não saudáveis.

“Parece que, em resposta a experiências estressantes de discriminação, buscamos conforto na comida, manifestado por um aumento nos desejos e no desejo por alimentos altamente palatáveis, como alimentos calóricos e, especialmente, alimentos doces”, explicou Arpana Gupta, autora do estudo.

Agora, os pesquisadores esperam que as descobertas ajudem no desenvolvimento de soluções.

Segundo eles, tratamentos podem ser desenvolvidos para modular o sistema de recompensa relacionado à comida ou os circuitos cerebrais hiperativados associados ao estresse e à exposição à discriminação.

 

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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