A Walt Disney Company está usando inteligência artificial para determinar o quanto o público aprecia cada momento de seus filmes. Durante a conferência IEEE’s Computer Vision and Pattern Recognition no último fim de semana, a Disney Research e a Caltech explicaram sua técnica para rastrear expressões faciais de pessoas assistindo a filmes.
A equipe de pesquisa chama seu novo algoritmo de “autocodificadores variacionais factorizados” (FVAEs, na sigla em inglês). Eles alegam que a tecnologia é tão eficaz em reconhecer expressões complexas que, depois de analisar o rosto de um simples membro do público por cerca de dez minutos, consegue até mesmo prever as futuros expressões desse rosto ao longo do restante do filme.
Imagem: Disney Research e Caltech
Para construir uma base de dados de milhões de marcas faciais para alimentar uma rede neural, os pesquisadores usaram câmeras infravermelho para filmar públicos de 150 pessoas assistindo a nove filmes, incluindo filmes recentes da Disney, como Star Wars: O Despertar da Fora, Zootopia, Divertida Mente e Operação Big Hero.
O sistema de inteligência artificial resultante foi então testado em outras plateias. Depois que ele rastreou os padrões de reação facial dos frequentadores de cinema por alguns minutos, os FVAEs foram capazes de prever quando eles iriam sorrir ou dar risada (ligados a momentos significativos dos filmes), superando em desempenho outros métodos de análise preditiva alimentados por muito mais dados. Conforme a pesquisa avançar, os FVAEs poderão também supostamente rastrear outras emoções, como medo e tristeza.
Imagem: Disney Research e Caltech
A Disney não é a única empresa da indústria do cinema que quer entender melhor como os espectadores reagem a filmes. Nos último cinco anos, a Dolby Laboratories tem estudado espectadores de filmes em um nível neurofisiológico, amarrando biossensores a voluntários para rastrear suas reações conforme eles vivenciam um filme. A empresa faz esses testes para provar que sua tecnologia audiovisual pode provocar respostas mais fortes do que a de sua concorrência.
Porém, será interessante ver como a Disney, o segundo maior conglomerado de mídia do mundo, usa os dados que eles coletaram do rastreamento facial de plateias, considerando que esse sistema de inteligência artificial poderia ajudá-los a entender as reações do público de maneira muito melhor que os pesquisadores humanos. “Entender o comportamento humano é fundamental para desenvolver sistema de IA que exibam maior inteligência comportamental e social”, disse o professor de aprendizado de máquina da Caltech Yison Yue, em um comunicado à imprensa. “Afinal, as pessoas nem sempre dizem explicitamente que estão infelizes ou que têm algum problema.”
Críticos, atores e diretores já reclamaram que as demandas dos estúdios de Hollywood estão tirando dos diretores seu controle criativo. Imagine como serão a produção e o processo de edição uma vez que os executivos possam usar inteligência artificial para garantir que cada cena provoque a resposta apropriada.
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