A doença de Dupuytren, também conhecida como “doença dos Vikings”, que deixa as mãos dobradas permanentemente, pode ter origem dos neandertais. É o que mostra um estudo do Instituto Karolinska, da Suécia, publicado em 6 de junho.
Segundo a pesquisa, pelo menos três das 61 variantes nos genomas associados à doença têm em comum genes neandertais. Por isso, os cientistas concluíram que a ascendência da espécie humana é um fator significativo para explicar a atual prevalência na Europa.
“Este é um caso em que o encontro com os neandertais afetou quem sofre de doenças”, explicou o principal autor do estudo, Hugo Zeberg. “Embora não devamos exagerar a conexão entre os neandertais e os vikings”.
A doença de Dupuytren é mais comum no norte da Europa. Pelo menos 30% dos noruegueses com mais de 60 anos relatam viver com os dedos das mãos flexionados. A condição pode atingir qualquer dedo, mas é mais comum “dobrar” os dedos anelar e médio.
Pesquisas anteriores já relacionaram a condição à fatores de risco como idade, consumo de álcool, diabetes e, principalmente, predisposição genética. Em 1999, um estudo dinamarquês relatou 80% de hereditariedade para a contratura.
“Doença dos vikings”
Fora do norte da Europa, a condição é rara – em especial para as pessoas com ascendência africana. Por causa da distribuição geográfica, o apelido ficou conhecido como “doença dos Vikings”.
Algumas diferenças geográficas na extensão da ancestralidade genética ligam os humanos atuais a grupos já extintos. Os neandertais, por exemplo, conviveram com os Homo sapiens há cerca de 400 mil anos. Estima-se que tenham sido extintos há 28 mil anos.
Evidências indicam que a espécie viveu na Europa, Península Ibérica e no Oriente Médio. Por isso, pessoas da África, ao sul do Saara, têm poucos ancestrais em comum com esse grupo.
Na pesquisa sueca, os cientistas investigaram as origens genéticas de 7.871 casos de doenças de Dupuytren em 645.880 controles do Biobank do Reino Unido.