Dois casos de ‘fungo negro’ são investigados no Brasil

A doença já infectou 9 mil pessoas na Índia e mata mais de 50% dos acometidos
Imagem: David Goldman (AP)

A mucormicose é infecção causada por um tipo de fungo da família Mucoraceae, normalmente conhecida como “fungo negro”, e está no Brasil desde o século 19. Agora, uma onda de casos na Índia, cerca de 9 mil infectados, deixa o mundo inteiro em alerta. Isso porque a doença está sendo associada a pacientes de Covid-19 e mata mais de 50% dos pacientes. No Brasil, mais especificamente, dois casos estão sendo investigados.

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O primeiro foi divulgado pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina e pela prefeitura de Joinville após um comunicado de risco do Ministério da Saúde no sábado (29). Se trata de um paciente de 52 anos, que teve Covid-19 em fevereiro e tem histórico de comorbidades, como diabetes mellitus e artrite reumatoide, segundo informações do G1.

O segundo caso investigado é a morte de um paciente em Manaus (AM). O homem, que tinha 56 anos, testou negativo para coronavírus mas apresentava sintomas de gripe. A informação foi dada pelas autoridades do Amazonas ao Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional, conforme informa a publicação. De acordo com a publicação, a investigação só pode ser concluída após sair o resultado da análise do material coletado, que será feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Por que o “fungo negro” preocupa?

Normalmente esse micro-organismo é encontrado no solo, plantas, esterco, frutas e vegetais em decomposição. Mas como eles foram encontrados em pacientes de Covid-19?

O infectologista Flávio de Queiroz Telles Filho, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), disse à BBC existem três situações que facilitam o desenvolvimento da mucormicose: ter diabetes descontrolado, ser portador de doenças oncohematológicas (câncer no sangue), que requerem transplante de medula óssea, ou fazer uso de altas doses de remédios da classe dos corticoides, que possuem ação anti-inflamatória.

Os especialistas consideram que a doença causada pelo fungo tem ligação com o uso de esteroides, ​​remédios para tratar pacientes graves ou gravemente doentes com Covid-19.

Os fármacos reduzem a inflamação nos pulmões e diminuem os danos causados pelo coronavírus. No entanto, eles diminuem a imunidade dos pacientes e aumentam a quantidade de açúcar no sangue.

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A situação se alastrou na Índia, segundo Talles Filho, porque “a Índia é um dos países com maior quantidade de diabéticos do mundo e vive atualmente um descontrole da pandemia de Covid-19, com um alto número de pacientes internados que necessitam tomar corticoides”, explicou o médico à publicação.

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