A varíola dos macacos costuma ser associada a sintomas como febre, dores de cabeça e musculares, inchaço dos linfonodos e, principalmente, lesões na pele. Mas cientistas do Reino Unido mostraram que esses podem não ser os únicos indícios da doença.
Um estudo publicado na revista científica BMJ adiciona a dor na região do ânus e o edema peniano como novas manifestações da infecção. O artigo é baseado em uma análise realizada com 197 voluntários britânicos.
Os participantes foram testados para a doença entre os dias 13 de maio e 1º de julho. Todos eram homens com idade entre 21 e 67 anos. A maior parte se identificou como gay, bissexual ou homem que faz sexo com outros homens.
A dor retal apareceu em 71 dos voluntários, com o inchaço do pênis estando presente em 33 casos. Todos os participantes apresentaram lesões na pele, principalmente nas regiões genitais (56,3%) e perianal (41,6%).
Um segundo estudo realizado na Espanha mostra outras particularidades do surto atual. Diferente das fotos divulgadas na imprensa do mundo todo, a doença parece causar em algumas pessoas poucas lesões na pele, que podem surgir de forma concentrada. As marcas aparecem principalmente no local de contato entre o novo paciente e as lesões de alguém já infectado.
Além disso, as lesões não são necessariamente cheias de pus. Os pesquisadores explicam que os machucados podem surgir na forma de pseudopústulas, firmes e esbranquiçadas.
O vírus causador da varíola dos macacos pode ser transmitido através do contato com gotículas expelidas por alguém infectado ou lesões. Materiais contaminados, como roupas e lençóis, também colaboram para o contágio.
Um antiviral chamado tecovirimat, desenvolvido inicialmente para a varíola comum, está sendo utilizado em alguns países para combater a doença. Em estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, o remédio se mostrou promissor no alívio de sintomas e também na redução da janela de transmissão do patógeno.
O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o Brasil importará o medicamento, embora não tenha especificado como e nem quando. Até o momento, o país soma 1.369 casos e uma morte.