Cientistas descobriram uma bebida inusitada consumida por pessoas do Antigo Egito: um drinque com várias plantas alucinógenas, mel e fluidos corporais humanos – incluindo sangue.
Em um artigo preprint, que ainda não foi revisado pelos pares, os cientistas afirmam que é provável que o consumo do drinque acontecesse em “práticas rituais” à Bes, uma divindade do Antigo Egito que é parte anã, parte felina.
A hipótese é que os seguidores de Bes acreditassem que o deus poderia fornecer proteção contra o perigo. “Como o grupo reverenciava a figura de Bes como um gênio protetor, pode-se presumir que consideravam o líquido bebido nessas canecas como benéfico”, escrevem os pesquisadores.
A equipe da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, analisou os resíduos orgânicos em um vaso de cerâmica atribuído a adoradores de Bes do século 2 a.C., guardado no Museu de Arte de Tampa, na Flórida.
Dessa forma, foi possível saber que esse era o vaso de Bes, pois o culto decorava a cerâmica com a representação da cabeça da divindade.
Ingredientes de um drinque bizarro
Longe de querer julgar um culto religioso, mas a composição das bebidas dos adoradores de Bes parece extremamente perigosa para qualquer humano moderno.
Na análise, os cientistas identificaram que a bebida continua uma planta psicoativa chamada Peganum harmala ou, no nome mais popular, arruda síria. Suas sementes produzem grandes quantidades de alcaloides harmina e harmalina, que induzem alucinações.
Hoje, a arruda síria é usada com outras plantas, como a Jurema-Preta (Mimosa tenuiflora), para criar uma bebida que imita os efeitos psicodélicos da ayahuasca.
Outro ingrediente do coquetel egípcio era a planta psicoativa Nymphaea caerulea, ou Ninféia-azul. “Combinando todos esses dados, concluímos que as plantas serviam deliberadamente como fontes psicoativas para fins rituais”, diz o artigo.
Mas o que mais chama a atenção é o fato de que os devotos de Bes adicionavam à poção outros componentes, como mel, geleia real, álcool de frutas fermentadas e proteínas humanas. Além disso, o estudo mostrou uma “alta presença” de fluidos de leite materno, mucosos (oral ou vaginal) e sangue. Por favor, não tente reproduzir essa receita em casa.