Estas são as drogas que as pessoas gostam de misturar com sexo, segundo um novo estudo
Homens e mulheres de todas as orientações sexuais gostam de misturar drogas e sexo, sugerem os resultados de um novo estudo publicado nesta terça-feira (2). Como parte de uma pesquisa maior, constatou-se que muitas pessoas gays, bissexuais e heterossexuais admitiram ter relações sexuais enquanto usavam drogas, e algumas usavam drogas explicitamente para melhorar suas experiências sexuais.
Os pesquisadores, vindos principalmente do Reino Unido, analisaram dados da versão de 2013 do Levantamento Global de Drogas, uma pesquisa anual sobre os hábitos de consumo de drogas das pessoas de vários países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, por exemplo. Eles avaliaram especificamente as respostas de quase 23 mil pessoas que participaram da pesquisa naquele ano (que não incluiu brasileiros), que envolveu uma pergunta sobre se elas já haviam tomado uma droga logo antes do sexo.
Tanto para homens como para mulheres, constatou-se que a droga mais comumente usada misturada com o sexo era o álcool. Cerca de 60% de ambos os gêneros disseram ter bebido antes de transar no passado. A cannabis foi outra escolha popular, com pouco mais de um terço dos homens e cerca de um quarto das mulheres dizendo que a usavam antes do sexo. A terceira mais usada foi o MDMA, ou ecstasy, com cerca de 15% dos homens e mulheres tendo o consumido antes do sexo. Outras drogas incluíram cetamina (raramente usada de forma recreativa nos EUA), “poppers” e citrato de sildenafila (Viagra).
Os resultados foram publicados nesta terça-feira no Journal of Sexual Medicine. No entanto, uma ressalva a ser feita é que a pesquisa pode sub-representar as pessoas que estão dispostas a dizer aos pesquisadores que usam drogas (algumas pessoas podem usar drogas, mas não querer admitir isso).
“Nossos resultados não são representativos da população em geral, então não sabemos a prevalência real de sexo ligado a substâncias”, disse ao Gizmodo o autor principal Will Lawn, psicólogo da University College London. “No entanto, o que (a pesquisa) mostra é que muitas drogas que gostamos de usar em geral são as mesmas que usamos com o sexo — o que faz sentido. Então, talvez devêssemos nos concentrar nessas drogas com mensagens de saúde pública, em vez de apenas nas drogas consumidas em relações sexuais por gays.”
De fato, quase todas as pesquisas que analisam a relação entre drogas e sexo têm se concentrado nos homens que fazem sexo com outros homens. Mais especificamente, são analisados aqueles que usam “drogas de balada” como o MDMA para melhorar intencionalmente sua experiência sexual, um fenômeno chamado de “chemsex”.
O chemsex tem sido associado a um risco aumentado de práticas sexuais inseguras, tais como renunciar a proteções como preservativos, o que pode então aumentar o risco de infecções sexualmente transmissíveis. Assim, as mensagens de saúde pública destinadas a evitar ou tornar o chemsex mais seguro têm visado, em grande medida, esses homens.
Mas Lawn diz que essa atenção exagerada sobre chemsex e homens gays e bissexuais, embora não completamente injustificada, deve ser expandida.
“Por muitos anos, o foco tem sido apenas nos homens que fazem sexo com outros homens, mas precisamos saber como diferentes grupos se comportam”, disse Lawn.
Homens gays e bissexuais, por exemplo, relataram um maior uso da maioria das drogas com sexo, e o grupo também relatou o uso maior de drogas para explicitamente tornar o sexo mais prazeroso no ano passado. Mas as mulheres bissexuais, em comparação com as heterossexuais, também relataram maior uso de drogas para melhorar o sexo. E, em geral, mais de 20% de todos os grupos, independentemente do sexo ou orientação, relataram usar drogas para ter uma melhor experiência sexual.
Houve diferenças na forma como drogas específicas afetaram a experiência sexual entre os diferentes grupos também. O MDMA e gama-butirolactona (GHL)/ácido gama-hidroxibutírico (GHB), drogas de balada com efeitos intoxicantes semelhantes aos do álcool, foram consistentemente classificadas como as drogas mais positivas. O MDMA em particular foi associado com o maior aumento da intimidade, enquanto o GHL/GHB foi caracterizado por aumentar mais os desejos sexuais das pessoas.
O estudo não perguntou explicitamente às pessoas onde elas viviam, porém, usando a moeda como indicador, eles descobriram que os residentes do Reino Unido eram mais propensos a relatar misturar um maior número de drogas com o sexo, exceto a cannabis, do que as pessoas nos EUA, Austrália ou Europa.
Segundo os autores, todas essas diferenças sutis são importantes para a elaboração do tipo certo de mensagens de saúde pública personalizadas. Essas mensagens, disse Lawn, não deveriam apenas dizer às pessoas para evitarem fazer algo, mas, sim, tentar reduzir os danos gerais que poderiam advir como resultado, ao mesmo tempo em que entendem por que as pessoas usam essas drogas em primeiro lugar.
“O GHB aumenta claramente o desejo sexual, que talvez você esteja procurando. No entanto, lembre-se de não combinar GHB com álcool ou outras drogas depressoras,” disse Lawn, oferecendo um exemplo de uma mensagem de saúde pública. “Tente não tomar mais de um mililitro. Assegure-se de que procura o consentimento do seu parceiro quando faz sexo”, completou.