Ciência

É papagaio, mas não fala: conheça a cobra que leva nome de ave e passa a vida pendurada em árvores

Com coloração verde e amarela vibrantes, essa serpente é considerada uma das mais belas da Amazônia
Foto: José Felipe Batista/Comunicação Butantan

Reportagem: Aline Tavares/Instituto Butantan

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Uma das serpentes mais bonitas da Amazônia, parente da jiboia e da sucuri, a cobra-papagaio (Corallus batesii) dificilmente é vista andando pelo chão: gosta de ficar bem no topo das árvores, a uma altura de 12 a 15 metros.

O nome popular do animal se deve à sua coloração verde bem vivo, com manchas brancas pelo corpo e ventre amarelo – cores que lembram a ave “falante” brasileira. Também costuma ser chamada de periquitamboia e pode alcançar cerca de 2 metros de comprimento.

Apesar dos olhos com pupilas verticais passarem uma impressão um tanto assustadora, a cobra-papagaio não é peçonhenta e é considerada constritora: já que não tem veneno, ela se enrola em suas presas e as “aperta” bem forte para que não consigam respirar. Aliás, essas pupilas são próprias para seus hábitos noturnos, ajudando a regular a luminosidade e enxergar bem no escuro.

Após passar o dia todo enroladinha nos troncos, descansando, chega a hora da caça: à noite, ela usa sua forte cauda para se pendurar de cabeça para baixo e capturar marsupiais (como os gambás), roedores e morcegos, e até algumas aves que têm o azar de passar por ali.

Suas fossetas labiais, “fendas” na boca, são órgãos termorreceptores que ajudam a identificar a presença de presas por meio de mudanças muito sutis na temperatura.

Outra característica interessante dessa serpente é a variação de cores ao longo da vida, que a torna especialista em camuflagem. Os filhotes, que costumam repousar em galhos bem finos, nascem com uma coloração laranja, e vão ficando verdes até a fase adulta para se disfarçar em meio às folhas das árvores. A reprodução é vivípara, com ninhadas de até 15 filhotes.

Raramente, para se hidratar em períodos de seca ou mesmo para mudar de uma árvore para a outra, é possível que a cobra-papagaio desça até o solo. Nesses momentos, ela pode buscar água em riachos e poças, mas logo retorna ao topo da floresta. Lá, em época de chuva, a espécie costuma beber água das plantas, troncos ou em gotas sobre a pele.

Moradora do sul do Rio Amazonas, a Corallus batesii tem uma “prima” que mora ao norte do rio, a Corallus caninus. As duas eram muito confundidas devido à sua semelhança, mas eventualmente foram separadas em duas espécies distintas. Enquanto a C. caninus tem dentes maiores e escamas pequenas, a C. batesii tem escamas grandes e um elevado número de manchas na lateral do corpo.

Foto: José Felipe Batista/Comunicação Butantan

COBRA-PAPAGAIO

Espécie: a cobra-papagaio (Corallus batesii) é uma serpente da família Boidae e do gênero Corallus

Onde habita: América do Sul, amplamente distribuída na bacia Amazônica, ao sul do Rio Amazonas

Características físicas: medindo até 2 metros, possui cabeça triangular e larga, e um corpo robusto de coloração verde, com manchas brancas no dorso e ventre amarelo

Alimentação: mamíferos (marsupiais, roedores e morcegos) e algumas aves

Curiosidades: passa a vida pendurada em árvores e se apoia nos troncos para capturar as presas

Você pode visitar este e outros animais incríveis no Museu Biológico do Parque da Ciência Butantan.

 

Esse texto foi produzido com a colaboração do biólogo Marcelo Stefano Bellini Lucas, analista de exposição do Museu Biológico do Butantan.

 

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