Ciência

Em Madagascar, bicho-pau larga a camuflagem e “assume” corpo colorido

Em ilha africana, duas espécies de bicho-pau fogem do padrão de cores verdes e marrons e apresentam corpos azuis brilhantes, confira o vídeo
Imagem: Moritz Grubenmann, Glaw et al. / Reprodução

Geralmente, eles não são fáceis de encontrar. Camuflados sobre galhos e troncos, além de folhas novas, secas, rasgadas ou intactas, os bichos-pau receberam até o próprio nome destacando a exímia habilidade de sumir na natureza para proteção própria.

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Mas na ilha de Madagascar, na África, existem representantes desse inseto que surpreendem. Endêmicos da região, eles possuem corpos coloridos e diferem da monotonia de verdes e marrons do ambiente. Veja o vídeo:

 

O gênero Achrioptera

Em 2019, um estudo publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution identificou duas espécies de bicho-pau que pertencem ao gênero Achrioptera, um grupo de insetos grandes e coloridos endêmicos de Madagascar e do Arquipélago das Comores.

Eles têm o corpo preenchido de cores fortes e permanentes, de modo que não alteram a sua aparência conforme o cenário. Uma das espécies, a Achrioptera maroloko, tem representantes fêmeas que alcançam o tamanho de 24 centímetros – ou seja, são insetos muito grandes.

Em Madagascar, bicho-pau larga a camuflagem e "assume" corpo colorido

Representante da espécie Achrioptera maroloko (Imagem: Moritz Grubenmann, Glaw et al. / Reprodução)

Já a espécie Achrioptera manga, antes atribuída aos bichos-pau Achrioptera fallax, possui o corpo todo azulado e brilhante, com asas pequenas e avermelhadas na altura do tórax. 

Camuflagem colorida?

Durante a pesquisa, os cientistas se questionaram qual a utilidade das cores para essas espécies de bicho-pau, uma vez que o inseto costuma viver camuflado. Segundo eles, poucos animais que se camuflam mostram coloração, geralmente fazendo isso apenas quando estão em situações que sabem que não serão perturbados.

A primeira hipótese dos pesquisadores é a de que as cores fazem parte do ritual de acasalamento. Isso porque, quando analisaram representantes do bicho-pau de Madagascar em laboratório, eles só se aproximavam das fêmeas para se reproduzir depois de atingir a coloração azul brilhante.

“Isso pode sugerir que os machos usam sua coloração brilhante para atrair uma parceira. No entanto, é difícil acreditar que os machos possam encontrar uma parceira antes de serem comidos. A menos que sua cor atue como um impedimento para os predadores”, explicou Sven Bradler, autor do estudo.

Então, surgiu a segunda hipótese. Os cientistas acreditam que, como insetos machos se movimentam muito em busca de companheiras para acasalar, viver de camuflagem era inviável.

Por isso, a espécie evoluiu apostando no oposto: chamar a atenção. Na natureza, cores chamativas sugerem para outros animais que há uma toxicidade nas plantas ou em presas. 

Assim, com seu corpo colorido, os bichos-pau de Madagascar parecem perigosos para alguns outros seres vivos. Dessa forma, conseguem se manter seguros sem a camuflagem.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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