Ciência

Empresa aposta em gel injetável como novo anticoncepcional masculino

Contraline, empresa dos EUA, desenvolve hidrogel que bloqueia espermatozóides; anticoncepcional masculino já está sendo testado
Imagem: Sam Moghadam Khamseh/ Unsplash/ Reprodução

Nos últimos anos, cientistas passaram a buscar alternativas de anticoncepcional masculino, uma vez que a grande oferta atual é focada no público feminino. Agora, uma empresa de biotecnologia estadunidense também entrou nessa corrida.

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Chamada Contraline, a instituição desenvolveu um gel que promete efeito semelhante ao da vasectomia, impedindo a passagem de espermatozóides para o esperma. Recentemente, a empresa anunciou que realizou os primeiros testes em homens – e os resultados foram bem sucedidos.

Como funciona o gel anticoncepcional masculino

Diferentemente de outras opções de anticoncepcional masculino que estão sob estudo, o produto da Contraline não é hormonal. Ele consiste em um gel à base de água, chamado também de hidrogel, cuja função é filtrar os espermatozóides do sêmen, impedindo que eles sejam expelidos pelo pênis.

Segundo os criadores, seu mecanismo é como o de um filtro de café, que segura o pó e permite que o líquido passe. 

Para funcionar, o gel anticoncepcional masculino precisa ser injetado nos ductos deferentes, que são um par de tubos localizados no escroto, parte do sistema reprodutor masculino em que ficam os testículos. É lá que estão os espermatozóides maduros.

No entanto, para fazer isso, é necessário uma pequena perfuração usando um injetor manual. Durante os ensaios clínicos, a injeção foi aplicada pelos pesquisadores sob anestesia local. Depois do procedimento, a perfuração cicatriza por conta própria.

Primeiros testes

Até agora, a empresa testou o gel anticoncepcional em 27 homens, que tinham idades entre 25 e 65 anos. Parte deles recebeu uma quantidade maior do hidrogel que outros, mas a aplicação levou cerca de 20 minutos em cada um.

Depois de 30 dias, os pesquisadores constataram que o anticoncepcional masculino levou a uma redução de mais de 99% no número de espermatozoides dos participantes. Além disso, eles não relataram efeitos colaterais graves.

De modo geral, a ideia é que o uso do gel seja reversível. Por isso, os cientistas da Contraline também testaram a reversibilidade do produto – mas, por enquanto, apenas em cachorros. 

Segundo a empresa, os testes mostraram que os níveis de espermatozoides e a qualidade do esperma se recuperaram após a remoção do gel. Agora, a ideia é analisar a reversibilidade também em pessoas.

Incertezas

Apesar dos bons resultados, os pesquisadores vão acompanhar os participantes do ensaio clínico durante dois anos. O objetivo agora é compreender por quanto tempo o efeito do gel anticoncepcional masculino dura e se aplicar continuamente as injeções é seguro.

Além disso, ainda há dúvidas sobre consequências a longo prazo de seu uso. Em geral, qualquer procedimento médico pode causar efeitos colaterais ou complicações. 

Por isso, ainda que o gel seja biocompatível, os pesquisadores pretendem acompanhar se as aplicações causam cicatrizes permanentes ou mudanças nos ductos deferentes. Dessa forma, o gel da Contraline ainda está longe de ser comercializado.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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