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Empresa cria headset para ‘tratar’ Alzheimer; testes clínicos já começaram

Headset lança luzes e sons pulsantes para estimular as células imunológicas e evitar o acúmulo de amiloides no cérebro, uma das hipóteses para o Alzheimer

Empresa cria headset para 'tratar' Alzheimer; testes clínicos já começaram

Imagem: Cognito Therapeutics Inc/Reprodução

Uma empresa de Massachusetts, nos EUA, desenvolveu um medicamento inusitado para a doença de Alzheimer: um headset, mistura de óculos e fone de ouvido. Os testes clínicos finais começaram na quinta-feira (1º) em São Francisco, com mais de 500 participantes. 

Na pesquisa, os pacientes usarão o dispositivo uma hora por dia durante um ano. O fone de ouvido deve fornecer luz e som em uma frequência que, segundo os pesquisadores, pode aprimorar a capacidade cognitiva de pessoas afetadas pelo Alzheimer. 

Nas provas anteriores, o headset da empresa Cognito se mostrou eficaz e ganhou da FDA (a Anvisa dos EUA) o status de “inovação” em um processo avaliativo simplificado. 

Diferente de outros tratamentos, o fone de ouvido busca preservar a massa branca no cérebro em vez de atacar diretamente o acúmulo de proteínas amiloides, que é o que se acredita causar o Alzheimer. 

Não-invasivo, o dispositivo se parece com um óculos de sol com um arco na cabeça que liga uma orelha à outra. Ele funciona por neuromodulação – ou seja, alteração direta da atividade nervosa por estímulo externo. 

As luzes e sons transmitidos pelo headset vêm a uma frequência de 40 vezes por segundo. A luz é mais uma cintilação do que um flash, explicou o CEO da Cognito, Brent Vaughan, à Bloomberg. Segundo ele, o som é quase inaudível, como um leve tique-taque. 

A ideia é que as luzes e sons pulsantes estimulem as células imunológicas chamadas de microglia. Ao fazer isso, o próprio corpo trabalharia para eliminar as proteínas amiloides. 

Vaughan explica que o dispositivo deve ser usado em casa, sem que os pacientes precisem ir para clínicas ou hospitais. “Estamos muito otimistas”, disse. 

O que esperar 

Se a eficácia do headset for comprovada – o que não é garantia –, o aparelho pode ter aplicações em outras doenças no futuro, como Parkinson, e na recuperação de derrames cerebrais. 

A expectativa é que o dispositivo entre no mercado a partir de 2024. Mas ainda há questões para acertar: nos testes, participantes relataram desvantagens, como zumbidos nos ouvidos e dificuldade em se dedicar ao aparelho todos os dias.  

Até agora, a empresa arrecadou US$ 73 milhões em investimentos para desenvolver o equipamento – o que equivale a quase R$ 380 milhões no câmbio atual. 

O headset é mais um tratamento possível para o Alzheimer depois do anúncio dos avanços na pesquisa do lecanemab, na quarta-feira (30). O medicamento, desenvolvimento pelas farmacêuticas Eisai e Biogen, promete reduzir o acúmulo de placas das proteínas amiloides no cérebro. 

Apesar da comemoração de muitos cientistas sobre a descoberta, o lecanemab mostrou efeitos colaterais graves durante os testes. O tratamento causou inchaço cerebral e sangramento em 20% dos pacientes. 

Em todo o mundo, mais de 55 milhões de pessoas convivem com a doença de Alzheimer. A organização Alzheimer’s Disease International estima que o número passará dos 139 milhões até 2050. 

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