Empresas estudam usar IA para assegurar distanciamento social e evitar processos

Medidas que algumas empresas podem tomar para evitar que sejam processadas podem acabar tocando na privacidade dos consumidores.
Pessoa passando cartão em loja

Uma das principais preocupações das empresas, além de descobrir quando devem suspender as medidas de isolamento social, é como evitar litígios depois que reabrirem. Infelizmente, as medidas que algumas empresas podem tomar para evitar que sejam processadas podem acabar tocando na privacidade dos consumidores.

Essa informação vem de uma reportagem da Reuters, que fez pesquisas com mais de uma dúzia de empresas de análise que desenvolvem tecnologia de conformidade ao coronavírus. São 16 empresas – que vão de pequenas startups a grandes corporações – que pensam em oferecer análise de visão computacional (e inteligência artificial) para diversos campos.

Isso inclui desde garantir que os clientes e funcionários estejam usando máscaras até analisar se esses funcionários estão a uma distância correta uns dos outros.

A ideia é que com monitoramento e intervenção, esse tipo de sistema pode ajudar as empresas a evitar processos judiciais relacionados ao coronavírus. Porém, é um movimento com ética e eficácia questionáveis.

A maioria das grandes corporações já usam câmeras para vigiar consumidores. Por anos, esse tipo de tecnologia tem sido parte integrante da forma como os varejistas ao redor do mundo mantêm linhas do caixa em movimento, distribuição de descontos e para acompanhar quais produtos estão vendendo bem.

Em termos gerais, esse tipo de tecnologia destina-se a monitorar tendências, em vez de destacar compradores individuais, embora tenha havido um impulso para trazer tecnologias mais invasivas – como o reconhecimento facial – para a linha de frente dos varejistas em todo o mundo. A razão? Para combater o que chamaríamos de furto em lojas, ou o que eles chamariam de “retração”, um problema que afeta varejistas anualmente, de acordo com dados recentes.

Graças ao coronavírus, muitas das empresas que antes se vendiam como a solução para essas lojas estão agora promovendo a suposta capacidade de frear a propagação do vírus.

O fornecedor de vigilância por vídeo Kogniz, por exemplo, lançou recentemente o que está chamando de “Health Cam” como uma forma de identificar os rostos de pessoas com febre, e impedi-las de entrar em um prédio. Outras empresas anunciaram ferramentas capazes de detectar rostos com máscaras, ou suas próprias ferramentas de detecção de distanciamento social.

Várias empresas disseram à Reuters que esse tipo de software é “crucial” para seus planos de reabertura em meio à pandemia, dizendo que “isso permitiria mostrar não apenas aos trabalhadores e clientes, mas também às seguradoras e reguladores, que eles estão monitorando e aplicando práticas seguras.”

É evidente que a ideia de registrar os consumidores em seus movimentos cotidianos sem o seu consentimento não é apenas um movimento eticamente controverso, mas também uma iniciativa que pode não funcionar. Já vimos várias vezes que esse tipo de tecnologia pode ter problemas no processamento de rostos não brancos e de mulheres – e a adição de máscaras torna a detecção quase impossível.

E embora seja provável que algumas dessas empresas no espaço de compliance/tecnologia sejam capazes de se impor em seus campos, aqueles que trabalham com reconhecimento facial têm um histórico de prometer mais do que são capazes de entregar.

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