Entidades de proteção animal barram chips cerebrais de Elon Musk

Reportagem ouviu entidades de direito animal e 20 atuais e ex-funcionários da Neuralink, que sugeriram que há "mortes em excesso" na pesquisa para chips cerebrais
Entidades de proteção animal barram chips cerebrais de Elon Musk
Imagem: Neuralink/YouTube/Reprodução

O governo dos Estados Unidos abriu uma investigação para averiguar possíveis violações da Neuralink, empresa de chips cerebrais de Elon Musk, à lei de bem-estar animal do país. O órgão analisa agora se os animais usados nos experimentos passam por negligência ou maus tratos. 

Uma reportagem da agência Reuters afirma que a iniciativa do Departamento de Agricultura começou há alguns meses, após denúncias de organizações e alertas de mais de 20 atuais e ex-funcionários da Neuralink.

Há relatos em que, em um experimento, 25 dos 60 porcos receberam dispositivos com o tamanho incorreto. Em outra ocasião, dois suínos tiveram equipamentos instalados em uma vértebra errada. Por isso, um deles precisou ser sacrificado para acabar com o sofrimento. 

Segundo a reportagem, cerca de 1,5 mil animais morreram nos testes da Neuralink desde 2018. Apesar de ser comum que animais morram durante testes científicos, os funcionários da Neuralink disseram que erros nos testes levam a um “excesso de mortes”. 

A morte das cobaias faz com que muitos testes precisem ser repetidos, causando ainda mais sofrimento aos animais. Essa repetição também tende a tornar os dados menos precisos, disseram as fontes, que não foram identificadas. 

Equipe despreparada 

Os funcionários alertam que a Neuralink está “menos preparada” do que devia para corresponder às expectativas de Elon Musk. Na semana passada, o bilionário anunciou que quer iniciar os testes de chips cerebrais em humanos até julho de 2023.

Os trabalhadores relataram que o novo dono do Twitter pediu que trabalhassem como se tivessem “uma bomba acima da cabeça” para “fazê-los se mover mais rápido”. 

Até agora, a empresa fez demonstrações em macacos. No primeiro, um macaco jogou pingue-pongue com seu cérebro. No outro, digita em um computador usando o implante. 

Desde seu lançamento, em 2016, a Neuralink de Elon Musk enfrentou diversas críticas por seu tratamento com os animais. Em fevereiro, a PCRM disse que a empresa tratou os macacos envolvidos em uma das experiências de forma “desumana”. 

Era o início da parceria da Neuralink com a Universidade da Califórnia, que passou a conduzir os experimentos. Segundo a denúncia, entregue ao Departamento de Agricultura, cirurgiões usaram a cola cirúrgica errada duas vezes. Dois macacos morreram e outros tiveram complicações por causa dos chips cerebrais. 

A Neuralink disse à Reuters que as instalações e os cuidados da Universidade da Califórnia “atenderam e continuam a atender aos padrões exigidos pelo governo federal”. Apesar dos relatos, a Neuralink passou em todas as inspeções do Departamento de Agricultura dos EUA.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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