Entrevista: como um canadense deixou o mercado mobile para criar o jogo de PC mais bonito do ano

Jotun é um jogo que vem chamando sua atenção por sua arte e influência de Shadow of the Colossus.

Jotun é um jogo indie canadense que começou a ganhar destaque há alguns meses. O motivo bem que poderia ser a temática baseada na mitologia nórdica ou no conceito de só se enfrentar chefes, tirado de Shadow of the Colossus, mas é só olharmos as imagens e trailers para logo percebermos que o que mais chama a atenção no game, de cara, é a sua arte.

Em entrevista para o Gizmodo, o criador e game designer William Dubé descreve Jotun como um “jogo de ação e exploração com arte feita à mão e ambientado na mitologia nórdica”. Sim, mais impressionante que as animações do jogo é saber que elas são feitas à mão.

Esse foi um dos assuntos que abordamos na entrevista com o desenvolvedor canadense, que tem uma história a interessante. Ele largou o emprego em uma desenvolvedora de games mobile para, junto com alguns amigos, conseguir criar jogos com os quais eles se identificassem.

Mas antes, é bom darmos um breve resumo do jogo. Em Jotun, você controla Thora, uma guerreira Viking que morreu de forma indigna e, para poder entrar em Valhalla (o paraíso da mitologia nórdica), precisa se provar para os deuses e matar seres poderosos – os Jotuns que dão nome ao jogo.

Esse é o primeiro projeto da Thunder Lotus Games e é resultado de uma bem sucedida campanha no Kickstarter. Em julho de 2014, os canadenses arrecadaram mais de US$ 64 mil e também foram aprovados em uma semana no Greenlight do Steam. Atualmente o jogo está em alpha e tem previsão de lançamento para setembro para PC, Mac e Linux.

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Gizmodo: Antes de falar do jogo em si, queria saber mais sobre você e o estúdio. Fiquei sabendo que você largou o antigo emprego. Como foi isso? Você já tinha a ideia para Jotun naquela época ou apareceu depois?

William Dubé: Em janeiro de 2014 eu saí do meu emprego como game designer de jogos mobile para perseguir meu sonho: fazer um jogo indie. Na época, eu não sabia qual seria o jogo e não tinha uma ideia específica. Levou alguns meses de pesquisa e testes até finalmente chegar na mitologia nórdica. Assim que comecei a ler as histórias, eu soube que tinha que fazer um jogo sobre Vikings!

Como foi a experiência no Kickstarter? O que você acha que atraiu as pessoas pra financiar o jogo, já que se tratava de um estúdio novo?

(A campanha no) Kickstarter foi incrível. Foi super intensa, mas ao mesmo tempo uma experiência enriquecedora e humilde. É incrível saber que você tem centenas de jogadores que apoiam seu jogo.

Jotun chamou a atenção das pessoas com sua arte feita à mão, batalhas épicas contra chefes e o tema nórdico. Eu sei disso porque eu perguntei do apoiadores depois da campanha.

Sobre o aspecto que mais chama a atenção em Jotun: a arte. Ela é feita à mão, mas há alguma técnica ou ferramenta especial para tudo ser tão fluído no jogo e parecer um cartoon? O quão complexo e demorado é esse processo?

Alexandre Boyer fez a maioria das animações no jogo e ele descreveu como é esse processo em um de nossos updates no Kickstarter.

[Nota: a parte a seguir foi extraída da página do Kickstarter de Jotun]

Will Dubé: Animação feita à mão nos traz de volta aos filmes da Disney de nossa infância, e ela é uma das razões de gostarmos tanto deles. Nós usamos a mesma técnica básica que os artistas originais fizeram, mas substituímos papel e câmeras por gráficos, tablets e software.

Alex: Aqui está o meu processo.

1 – Primeiro o rascunho da pose, uma ilustração básica que define a posição e silhueta de Thora.

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2 – Próximo passo é uma animação intermediária usando somente geometria básica. Trabalhar com formas simples me permite focar inteiramente no movimento.

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3- Então eu faço o jogo de ligar os pontos, adicionando as linhas atuais ao desenho.

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4- Finalmente, a cor. O Frame está pronto!

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5- Repito esse processo 20 vezes.

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6- Agora é juntar tudo.

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E é assim que eu faço (a animação para o jogo).

Em outras entrevistas, você fala de Journey e Shadow of the Colossus como influências para a jogabilidade de Jotun, mas também é possível perceber certos aspectos que lembram Dark Souls (na forma como se deve enfrentar os Jotuns) e até God of War (pela personagem receber ajuda e poderes de deuses mitológicos). É isso mesmo?

Certamente. Nós recebemos muitas influências e Dark Souls é definitivamente uma delas.

Recentemente foi lançado Titan Souls, que tem uma pegada parecida com Jotun. O que Jotun pode ter para fazer com que as pessoas que não tenham gostado tanto de Titan Souls deem uma chance para ele?

Titan Souls é um ótimo jogo. Claro, o fato de que ambos serem focados em batalhas contra chefes os une, (mas) você deve jogar Jotun para impressionar os deuses!

Com relação a personagem Thora. Ultimamente há toda uma discussão sobre diversidade de gênero nos jogos. Criar Thora teve alguma relação com isso ou é só por acaso que o jogo possui uma protagonista feminina?

Jo-Annie, a diretora de arte de Jotun, é a responsável pelo design de Thora. Nós só queríamos fazer uma guerreira Viking badass. Ela precisava ser realista e diferente. Ela é nossa ligação, então acho que nós conseguimos isso.

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Há alguma possibilidade para lançamento de Jotun nos consoles também?

Sim. Nós vamos lançá-lo no Steam para Windows, Mac e Linux em setembro desse ano e para consoles em 2016.

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