Erasmo Carlos, lenda da música brasileira, morre aos 81 anos
Pioneiro do rock nacional e símbolo da Jovem Guarda, artista tinha 81 anos, e tratava uma síndrome edemigênica - quando há acúmulo de líquido nos tecidos do corpo
O Tremendão se foi… O cantor, compositor, ator e instrumentista Erasmo Carlos morreu nesta terça-feira (22), aos 81 anos. O artista estava internado no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, e chegou a ser entubado na noite desta segunda-feira (21), mas não resistiu. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas foi confirmada por fontes ligadas à família.
No início de novembro, o artista chegou a comemorar que teve alta após duas semanas de internação no mesmo hospital em que faleceu, para realizar exames e tratar uma síndrome edemigênica – desequilíbrio que causa vazamento de líquidos para os tecidos do corpo. Ele chegou a ser alvo de notícia falsa há três semanas, que anunciava sua morte no dia das eleições.
Na época, o próprio Erasmo brincou com a fake news sobre sua morte ao desmentir, quando postou uma foto em pé, próximo da janela do hospital e escreveu: “Estou muito vivo, se tudo der certo , saindo do hospital até quarta. Foto tirada por Fernanda HOJE no Hospital BarraDor. Esse ano eu não morro”, escreveu, citando Belchior.
“Bem simbólico… depois de me matarem no dia 30, ressuscitei no Dia de Finados e tive alta do hospital!!!! Obrigado a Deus, a todos que cuidaram de mim, rezaram por mim e torceram pela minha recuperação. Essa foto com a Fernanda traduz como estamos felizes”, escreveu o cantor ao ter alta.
Em agosto de 2021, o cantor teve Covid-19 e precisou ser internado por oito dias para tratar a doença. “Gente, eu venci a Covid! Não foi mole, não, foi difícil”, afirmou o cantor, após ter alta.
Vida e obra
Erasmo foi um dos pioneiros do rock brasileiro e um dos principais parceiros Roberto Carlos. Em mais de 50 anos de carreira, compôs mais de 600 canções. A lista de sucessos, como “Além do Horizonte”, “É Preciso Saber Viver” e “O Bom”.
Nascido no Rio de Janeiro, Erasmo era filho de mãe solteira e só conheceu o pai quando já tinha 23 anos. Na infância, conheceu Tim Maia, com quem aprendeu violão e de quem ficou amigo na adolescência, quando os dois se apaixonaram pelo tal do rock ‘n’ roll.
Juntos fundaram o The Sputiniks, a banda que tinha aquele que seria o grande parceiro de Erasmo: Roberto Carlos. Com o o fim do grupo, formou outro, o The Boys of Rock, mais tarde The Snakes, que acompanhou os dois cantores em seus shows solos.
O apelido Tremendão surgiu quando participava do programa de TV “Jovem Guarda”por causa de seu jeito de se apresentar imitando seu ídolo Elvis Presley. Num tuíte de 2012, Erasmo também complementou: “O meu apelido ‘Tremendão’ vem do nome da grife de produtos para a juventude (calças, coletes, chapéus etc) que eu tinha nos anos 60″.
O cantor foi também um dos principais representantes da Jovem Guarda, movimento musical e cultural dos anos 1960 e 1970 que, além de Erasmo e Roberto, contou com nomes como Wanderleia, Ronnie Von e Celly Campelo. Rockeiros de carteirinha, tiveram seu início de carreira fortemente inspirado em nomes do rock americano e inglês, como Elvis Presley, Rolling Stones e Beatles.
Em novembro de 2022, Erasmo venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa, pelo disco “O Futuro Pertence à… Jovem Guarda”.
O cantor e compositor deixa a mulher, Fernanda Passos e dois filhos.
Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem
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