A erupção de Anak Krakatoa em 2018 produziu um tsunami que, por um curto período, atingiu algo entre 100 a 150 metros de altura, de acordo com uma nova pesquisa. Se a costa da Indonésia estivesse mais próxima do vulcão, esse desastre teria sido muito pior.
Quando Anak Krakatoa entrou em erupção em 22 de dezembro de 2018, o evento causou um deslizamento de terra que desencadeou um tsunami perigoso no Estreito de Sunda, na Indonésia. Cerca de uma hora após a erupção, ondas entre 5 e 13 metros de altura atingiram as costas próximas de Java e Sumatra, mergulhando o interior até 330 metros em alguns lugares. O tsunami pegou os moradores completamente desprevenidos, resultando na morte de 427 pessoas.
Quanto ao tamanho do tsunami nos momentos imediatamente após o deslizamento de terra, isso tem sido menos claro. Uma pesquisa publicada esta semana na Ocean Engineering está jogando nova luz sobre esse evento raro, mostrando que o tsunami, durante seus primeiros minutos de existência, era absolutamente monumental em tamanho.
Simulações em computador do tsunami sugerem que a onda inicial tinha algo entre 100 a 150 metros de altura. A nova pesquisa, liderada por Mohammad Heidarzadeh, professor assistente de engenharia civil da Universidade de Brunel, mostra que o desastre poderia ter sido muito pior se a costa da Indonésia estivesse situada perto do vulcão Anak Krakatoa.
Uma onda dessa altura faz muito sentido, considerando a quantidade de material perdido durante a erupção. Fotos de Anak Krakatoa após o deslizamento de terra que se seguiu mostram o vulcão sem um lado inteiro. Algo entre 150 a 170 milhões de metros cúbicos da montanha entraram na água.
“Quando materiais vulcânicos caem no mar, eles causam deslocamento da superfície da água”, disse Heidarzadeh em um comunicado à imprensa. “Semelhante a jogar uma pedra em uma banheira – isso causa ondas e desloca a água. No caso de Anak Krakatoa, a altura do deslocamento da água causado pelos materiais do vulcão era superior a 100 [metros]”.
Heidarzadeh e seus colegas usaram modelos de computador para simular o tamanho do tsunami. Eles também usaram dados do nível do mar coletados em cinco locais diferentes perto do vulcão para validar as simulações. O melhor modelo apontou para um pico de intensidade que durou cerca de 6 a 9 minutos após a erupção, momento em que o tsunami estava gerando energia igual ao terremoto de magnitude 6,0. O comprimento da onda foi estimado entre 1,5 e 2 quilômetros.
A onda dissipou-se rapidamente devido aos efeitos combinados de gravidade e atrito. À medida que a gravidade puxava a maior parte da água para baixo, criava um atrito adicional ao longo do fundo do mar. A onda encolheu consideravelmente, mas ainda causou estragos quando atingiu Java e Sumatra.
Dito isto, o tsunami ainda tinha 80 metros de altura quando atingiu uma ilha desabitada a poucos quilômetros de Anak Krakatoa. Se uma massa de terra hipotética existisse a uma distância de cerca de 5 quilômetros do vulcão, teria sido atingida por uma onda com algo entre 50 a 70 metros, de acordo com a pesquisa.
No futuro, Heidarzadeh planeja trabalhar com o Instituto de Ciências da Indonésia (LIPI) e a Agência de Avaliação e Aplicação de Tecnologia (BPPT) para desenvolver um novo plano de resposta a tsunamis na região.
Anak Krakatoa tem um histórico de infligir desastres. Em 1883, uma erupção gerou um tsunami com cerca de 42 metros de altura quando atingiu a costa, resultando em 36.000 mortes – época em que as áreas costeiras da região eram muito menos povoadas.