Especialista sugere novo “teste de Turing moderno” para sistemas de IA

Fundador da empresa DeepMind afirma que o teste de Turing, proposto em 1950, já foi superado pelos atuais modelos de IA
Especialista sugere novo “teste de Turing moderno” para sistemas de IA
Imagem: Unsplash/Reprodução

Um livro recente escrito por um especialista em IA (inteligência artificial) propõe uma versão moderna do teste de Turing para determinar qual o nível de “igualdade” dessas tecnologias com os humanos.

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Em “The Coming Wave: Technology, Power, and the Twenty-first Century’s Greatest Dilemma” (A Onda Vindoura: Tecnologia, Poder e o Grande Dilema do Século 21, em tradução livre), Mustafa Suleyman afirma que o antigo teste de Turing está superado. Segundo ele, a linguagem já não é capaz de determinar a capacidade de raciocínio das máquinas.

O teste de Turing foi criado na década de 1950 por Alan Turing, pai da computação, e é essencial para a história da IA. A ideia era determinar se uma máquina alcançaria o poder de inteligência de um ser humano.

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O matemático britânico Alan Turing, aos 16 anos. Imagem: Domínio público

No experimento proposto por Turing, um indivíduo teria que adivinhar se está conversando com uma pessoa ou com uma máquina através de textos. Caso o computador consiga se passar por humano, ele passou no teste.

Suleyman, que também fundou a DeepMind, ramo de IA do Google, argumenta que o teste de Turing já não faz mais sentido por causa dos chatbots atuais, como o ChatGPT. Isso porque esses modelos de linguagem operam como se estivessem em uma “conversa natural”. E a diferença está cada vez mais imperceptível aos humanos.

“Não está claro se [passar no teste de Turing] é um marco importante ou não”, disse Suleyman. “Ele [Turing] não diz sobre o que um sistema pode fazer ou entender, nem sobre se ele é capaz de estabelecer diálogos internos ou fazer planejamentos de longo prazo, o que é essencial para a inteligência humana.”

Novo teste de Turing?

Por isso, Suleyman propõe um novo tipo de experimento para identificar o grau de inteligência das IAs. Para se equiparar aos humanos, a IA deve ser capaz de completar objetivos de curto prazo e tarefas com a mínima intervenção externa. Ele chama essa capacidade de Inteligência Artificial Capacitada (ACI, na sigla em inglês).

Em sua proposta, um bot seria capaz de receber US$ 100 mil (cerca de R$ 478 mil) e transformá-lo em US$ 1 milhão (cerca de R$ 4,7 milhões). Como parte do teste, o bot
deverá bolar um plano de negócios para um e-commerce, desenvolver um produto, encontrar um fornecedor e vender o item em uma loja.

Mas, segundo o autor, até mesmo esse teste tem prazo de validade: deve ser superado em cerca de dois anos. “Não nos interessa apenas o que uma máquina diz, mas também o que ela é capaz de fazer”, afirmou. E quando isso acontecer, “as consequências para a economia mundial serão sísmicas.”

Igor Nishikiori

Igor Nishikiori

Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Já passou pelas redações da Editora JBC, São Paulo Shimbun, Folha de S. Paulo e Portal R7. Prefere o lado alternativo das coisas, de música a futebol.

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