Tecnologia

Estaria a Apple virando um “museu de grandes novidades”? Entenda

Desde o falecimento de Steve Jobs, em 2011, a Apple é constantemente alvo de questionamentos por não ser mais tão inovadora
Imagem: Unsplash/Reprodução

A Apple sempre foi considerada uma empresa inovadora. Boa parte dessa percepção vem do lançamento do primeiro iPhone, em 2007, que revolucionou o mercado de telefonia móvel. Apesar desse e de outros sucessos, a companhia se tornou alvo de críticas por não trazer muitas novidades em seus produtos nos últimos anos.

Peguemos o iPhone 15 como exemplo. O celular é quase que um iPhone 14 Pro com apenas duas câmeras, USB-C e cores diferentes. Já o iPhone 15 Pro Max até traz um processador mais potente e corpo de titânio. Mas também não tem muitas diferenças em relação à geração anterior.

iPhone 15 não traz muitas mudanças em relação à geração anterior (Imagem: Divulgação/Apple)

iPhone 15 não traz muitas mudanças em relação à geração anterior (Imagem: Divulgação/Apple)

A Apple deixou de ser inovadora?

Esta não é a primeira e, possivelmente, não será a última vez que alguém questiona se a Apple deixou de ser inovadora. Essa preocupação com a inovação, aliás, existia antes mesmo do falecimento de cofundador da empresa, em 2011.

Para entender essa inquietação, devemos voltar para a “era Jobs”. Além do já mencionado iPhone, a Apple movimentou outras grandes revoluções no mercado, como o lançamento do Macintosh, em 1984, e a estreia do primeiro iPod, em 2001. Tinha até um comercial para o player de música que destacava “1.000 músicas no seu bolso”, algo ainda inimaginável para a era dos CDs.

A maior parte das queixas giram em torno do iPhone. Desde a estreia do iPhone X com o notch (o entalhe na parte de cima), em 2017, o celular não passa por grandes mudanças. Ou seja, a maiorias das atualizações são apenas para melhorar algo já existente ou trazem algum recurso que já está “batido”, como a porta USB-C. Por sinal, até o iOS encara essa realidade, como observado nesse artigo da Forbes de 2019.

O próprio Dynamic Island, introduzido em 2022 com o iPhone 14 Pro, entra nessa questão. Desde 2017, as fabricantes não só encontraram meios mais discretos para abrigar a câmera frontal, como investiram em tecnologias para ocultá-la. Teve empresa que até aplicou bases mecânicas e deslizantes para que a tela não tivesse interferência alguma, como o Xiaomi Mi 9T.

Outras tecnologias também não deram as caras até o momento. Enquanto a Samsung e a Motorola se destacavam entre 2019 e 2020 ao lançar celulares dobráveis, outras fabricantes, como Google, Oppo e Xiaomi, correram atrás na sequência e já contam com os seus próprios modelos. Enquanto isso, sequer há previsão de lançamento de um iPhone com tela flexível.

Ritmo reduzido

Mas nem todos os sucessos foram apresentados por Steve Jobs. O primeiro Apple Watch, por exemplo, foi apresentado em 2015, sob o comando do atual CEO Tim Cook. A empresa também atraiu os holofotes em 2020, quando abandonou os chips da Intel e aderiu à arquitetura ARM nos seus computadores.

A Apple também começou a dar mais ênfase em outras áreas, como a realidade mista, com a estreia do Vision Pro. O produto só vai chegar nas prateleiras no começo de 2024, mas já mostra que a fabricante do iPhone está se preparando para atuar em outras frentes. Rumores de longa data também apontam que a companhia deve lançar um carro autônomo no futuro.

Diante desse cenário, seria melhor perguntar: a Apple deixou de inovar ou apenas alterou o seu ritmo? Especialmente ao considerar que o smartphone se tornou um produto mais estável do que era nos anos anteriores. Além disso, outras marcas também passaram a lançar smartphones com poucas inovações, focando mais no incremento da ficha técnica, com exceção dos modelos de nicho.

Até mesmo o mercado de softwares sofreu esse impacto. No começo dos anos 2010, existiam opções extras, como BlackBerry OS, Symbian, MeeGo e até Windows Phone. Porém, somente o iOS, do iPhone, e o Android triunfaram. E também seguem o mesmo paradigma: as atualizações não contam lá com muitas novidades assim.

E mesmo com esse cenário, a Apple ainda colhe frutos com seus produtos. Não à toa, em outubro de 2023, a Apple possui US$ 2,8 trilhões de capitalização de mercado, sendo que já chegou aos US$ 3 trilhões em julho, segundo a Forbes. A frente da Microsoft (US$ 2,4 trilhões), da Alphabet (US$ 1,7 trilhão) e da Amazon (US$ 1,3 trilhão).

Ou seja, pode não ser mais tão inovadora como era, mas a máquina está rodando a todo vapor.

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Bruno De Blasi

Bruno De Blasi

Jornalista especializado em tecnologia e carioca da gema. Já passou pelas redações do iHelp BR, Olhar Digital, Tecnoblog e TechTudo. É fã de música, cultura nerd e cinema. Nas horas vagas, está lendo, programando ou tocando baixo.

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