Este peixe carrega seus filhotes na boca – e, às vezes, se alimenta deles

As mães da espécie Astatotilapia burtoni engolem seus filhotes para melhorar a própria saúde e reduzir os níveis de estresse
Este peixe carrega seus filhotes na boca – e, às vezes, se alimenta deles
Imagem: Russell D. Fernald e Sabrina S. Burmeister/Wikimedia Commons/Reprodução

Quando os humanos têm bebês, o principal objetivo é cuidar daquele ser, permitindo que ele prospere e dê seguimento a linhagem familiar. No mundo animal, as coisas não são muito diferentes. Os pais cuidam de suas crias, mas as vezes são necessários sacrifícios em prol de um bem maior. 

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Você já vai entender do que estamos falando. Uma espécie de peixe conhecida como  Astatotilapia burtoni, da família dos ciclídeos, protege seus filhotes mantendo-os na boca. Pode até parecer um excesso de zelo, mas metade dos pequenos acabam voltando de outra forma para a barriga das mães. 

Um estudo realizado por pesquisadores da Central Michigan University, nos EUA, mostrou que esses peixes podem comer mais de 60% de suas ninhadas para garantir a própria saúde. Após ter os filhotes, as fêmeas de A. burtoni apresentam níveis mais altos de estresse oxidativo no fígado, o que significa que elas produzem mais substâncias químicas prejudiciais dentro das células.

Durante as duas semanas em que as mães estão com os peixinhos na boca, elas também não caçam e nem se alimentam, perdendo peso e imunidade. Porém, a pesquisa recém divulgada na Biology Letters sugere que os filhotes acabam virando presa. 

Os pesquisadores observaram mais de 60 peixes, metade com filhotes e o resto sem. Apenas duas fêmeas do grupo com filhotes não apresentou menos peixinhos ao final da experiência.

A equipe também coletou amostras de sangue e fígado das mães. No começo, os peixes com filhotes apresentavam maiores danos no DNA, mas conforme o número de peixinhos caia, o dano hepático também diminuía. 

As mães estavam sacrificando seus filhos para melhorar a própria saúde e reduzir o estresse. A equipe sugere que, dessa forma, o peixe garante sua sobrevivência e consegue ter mais filhotes no futuro, alcançando um cenário ideal dentro do mundo animal.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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