Estruturas árabes de 7 mil anos serviam para rituais no deserto
Durante a década de 1970, pesquisadores documentaram uma série de estruturas de pedra espalhadas pelo deserto da Arábia Saudita. Esses monumentos, até então incompreendidos, receberam o nome de “mustatils”, palavra árabe para retângulos.
Mas arqueólogos só começaram a estudar essas estruturas em 2017. Na época, levantamentos aéreos revelaram mais de 1,6 mil mustatils. Os monumentos datavam de aproximadamente 7 mil anos atrás e foram apelidados de “portões”.
A denominação fazia referência a sua aparência vista de cima: duas linhas paralelas curtas e grossas de pedras amontoadas ligadas por paredes longas e finas. A utilidade da estrutura, no entanto, foi revelada só agora em um estudo recém-publicado na revista científica Plos One.
Uma nova análise realizada por cientistas da Universidade da Austrália Ocidental sugere que os povos neolíticos usaram os mustatils para rituais desconhecidos. Os antigos povos depositavam no espaço oferendas de animais, provavelmente para divindades.
O estudo é baseado em um mustatil de arenito de 140 metros chamado IDIHA-F-0011081. O monumento, localizado perto da cidade de Alula, guardava cerca de 260 fragmentos de ossos, dentes e chifres de animais.
Após investigações, a equipe concluiu que os fragmentos de ossos eram exclusivamente pedaços de crânios de animais, retirados de pequenos ruminantes e gado doméstico. Alguns apresentavam marcas de corte, enquanto outros contavam com sinais de queimadura.
Além das oferendas, os pesquisadores também identificaram uma câmara retangular de pedra contendo restos humanos. Os ossos pertenciam a um homem adulto que provavelmente sofreu de artrose.
Há um salto temporal nessa história. Segundo os cientistas, os povos antigos depositaram os restos animais centenas de anos antes dos ossos humanos. Ou seja, o espaço permaneceu importante muito tempo depois de não estar mais em uso e foi possivelmente um local de peregrinação ou santuário.