Estudo analisa respostas do ChatGPT sobre câncer: respostas certas de fontes falsas

Na pesquisa, o ChatGPT acertou a maioria das perguntas, mas inventou fontes e periódicos para reafirmar suas posições sobre o câncer de mama. Veja os detalhes
Estudo analisa respostas do ChatGPT sobre câncer: respostas certas de fontes falsas
Imagem: Rolf van Root/Unsplash/Reprodução

O ChatGPT surpreendeu cientistas em um recente estudo acadêmico: o chatbot acertou a grande maioria das perguntas que podem ajudar pacientes a rastrear o câncer de mama. Mas nem tudo são flores: em alguns casos, o robô da OpenAI ofereceu informações imprecisas, quando não falsas.

whatsapp invite banner

No estudo, realizado em fevereiro, pesquisadores da Universidade de Maryland, nos EUA, criaram um conjunto de 25 perguntas sobre o exame de câncer de mama. A equipe repetiu cada uma das perguntas ao ChatGPT por pelo menos três vezes e, em seguida, analisou as respostas geradas. 

Três radiologistas especializados em mamografias avaliaram as respostas. Segundo o grupo, o ChatGPT se saiu bem em 22 das 25 questões. O conjunto inclui informações sobre os sintomas, quem está em risco e recomendações de custo, idade e frequência das mamografias. 

“Descobrimos que o ChatGPT respondeu às perguntas corretamente em cerca de 88% das vezes, o que é incrível”, disse Paul Yi, um dos autores do estudo. Segundo ele, o principal benefício da tecnologia é sua capacidade de resumir as informações de uma forma acessível aos usuários. 

Mas algo chamou a atenção: o chatbot forneceu uma resposta com base em informações desatualizadas, enquanto outras duas foram inconsistentes nas vezes em que a pergunta se repetiu. 

Informações desatualizadas 

Os pesquisadores classificaram a informação desatualizada como “totalmente inadequada”. Isso porque o ChatGPT orientou que mulheres adiassem a mamografia por quatro a seis semanas depois de receber a vacina para Covid-19

Essa recomendação caiu em fevereiro de 2022, e os órgãos de saúde não orientam o tempo de espera. Neste caso, é possível que a desatualização ocorra porque o sistema da OpenAI recebeu treinamento de dados existentes até dezembro de 2020. Tudo que aconteceu depois disso não “existe” para a plataforma. 

Mas outras informações inconsistentes também preocuparam os especialistas. Segundo a equipe, o ChatGPT forneceu um único conjunto de recomendações sobre o rastreamento do câncer e omitiu orientações específicas do CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA).

Também deu respostas evasivas ou inconsistentes sobre o risco pessoal de um indivíduo contrair câncer e sobre locais para fazer a mamografia. 

Esse ponto os médicos listam como desvantagem. Segundo o estudo, a IA (inteligência artificial) não oferece respostas tão abrangentes quanto aquelas que um usuário poderia encontrar em uma pesquisa do Google, por exemplo. 

“Vimos em nossa experiência que o ChatGPT às vezes inventa artigos falsos de jornais ou consórcios de saúde para apoiar suas reivindicações”,  disse Yi. “Os consumidores devem estar cientes de que essas são tecnologias novas e não comprovadas e ainda devem confiar em seu médico, e não no ChatGPT, para obter conselhos”.

A equipe continuará o estudo com o robô para averiguar como ele recomenda assuntos sobre câncer de pulmão.  

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

fique por dentro
das novidades giz Inscreva-se agora para receber em primeira mão todas as notícias sobre tecnologia, ciência e cultura, reviews e comparativos exclusivos de produtos, além de descontos imperdíveis em ofertas exclusivas