Cães e humanos são amigos há pelo menos 23 mil anos, diz estudo

O relacionamento entre cachorros e seres humanos é mais antigo do que se imagina, e data da última era glacial.
Imagem: gotdaflow (Unsplash)
Imagem: gotdaflow (Unsplash)

Cães são excelentes companhias para nós, seres humanos. E esse vínculo entre nós e os animais é de longa data, já que um novo estudo sugere que pessoas têm o costume de domesticar cachorros há pelo menos 23 mil anos.

A prática teria começado no norte da Sibéria. Na época, grupos de pessoas e lobos domesticados lutavam para sobreviver durante o período conhecido como Último Máximo Glacial, quando grandes calotas de gelo se formaram e a temperatura da Terra alcançou temperaturas baixíssimas.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores analisaram coleções já existentes do DNA humano e canino preservados daquele período. Como os genomas coletam pequenas mutações aleatórias em uma taxa previsível, os geneticistas podem comparar as sequências do genoma e dizer há quanto tempo dois animais compartilharam um ancestral em comum pela última vez. Os cientistas então usaram genomas já sequenciados de cães antigos e modernos para calcular quando as populações se dividiram ou cruzaram. Depois, repetiram o processo com genomas humanos.

De acordo com a arqueologista e coautora da pesquisa Angela Perri, da Universidade de Durham, no Reino Unido, vários estudos genéticos recentes reconheceram que grupos de cães e humanos tinham a tendência a se dividirem ou a se fundirem nos mesmos tempos e lugares, criando assim um mapa genético da jornada compartilhada de nossa espécie. Uma dessas rupturas aconteceu cerca de 16 mil anos, quando acredita-se que as primeiras pessoas com cachorros de estimação chegaram nas Américas.

“Existem alguns cães que possuem pequenas quantidades dessas linhagens, mas a maioria deles que está no continente americano hoje se parece geneticamente com raças europeias. E quando os europeus trouxeram seus cachorros em grande número, essas raças eventualmente substituíram muitas das linhagens genéticas que vemos nesses cães antigos”, disse à Ars Techinica, Kelsey Witt Dillon, coautora da pesquisa e bióloga molecular da Universidade Brown, nos EUA.

Os pesquisadores também concluíram que, à medida que espécies selvagens como lobos, raposas e até mesmo o gado e porcos sofrem domesticação, sua aparência também muda. Manchas, orelhas caídas e caudas mais curvas parecem ser características comuns nas espécies, junto com a curiosidade e simpatia para com os seres humanos. Isso explicaria o motivo pelo qual os cachorros são muito mais amigáveis do que os lobos da Idade do Gelo.

Em 2017, um outro estudo já reforçava a teoria que o laço de amizade entre cães e humanos é de longa data. Acredita-se que os cachorros tenham sido os primeiros animais a serem domesticados por humanos.

[Ars Technica, PNAS]

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