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Estudo do Chile traz indícios sobre o que pode dar início à esquizofrenia

A esquizofrenia pode ter relação com alterações no sistema circulatório; distúrbio neuropsiquiátrico atinge 1% da população global

Estudo do Chile traz indícios sobre o que pode dar início à esquizofrenia

Imagem: Mario Heller/Unsplash/Reprodução

Um estudo com células-tronco liderado por pesquisadores da Universidade do Chile encontrou evidências de que a origem da esquizofrenia tem relação não só com o sistema nervoso, mas também com o sistema circulatório. 

Até agora, a ciência tentava entender a esquizofrenia olhando quase que exclusivamente para o cérebro. O transtorno neuropsiquiátrico afeta 1% da população mundial e tem efeitos devastadores sobre os pacientes. Conforme o quadro avança, as pessoas começam a viver sob intenso estado de psicose e têm alucinações que prejudicam a função mental. 

O estudo do Chile, publicado na revista Molecular Psychiatry, aponta que alterações em proteínas-chave do sistema neurovascular prejudicam a barreira hematoencefálica, uma espécie de “parede” que envolve o cérebro humano. 

“Essa parede é formada por células endoteliais que formam os vasos sanguíneos cumprindo o papel de filtro protetor”, explicou Verónica Palma, chefe do Laboratório de Células-Tronco da Universidade do Chile, em entrevista ao site de divulgação científica da instituição. 

Ao analisar esse tecido em cinco pacientes com esquizofrenia, o estudo concluiu que todos tinham em comum um fenótipo “intrinsecamente defeituoso”. 

O que protege o cérebro

Os vasos sanguíneos e o cérebro compartilham uma ligação importante. O sistema circulatório transporta oxigênio e nutrientes para todos os tecidos e órgãos do corpo. Como o cérebro tem capacidade limitada em armazenar energia, ele depende do suprimento de oxigênio e glicose da corrente sanguínea. 

Mas, para se desenvolver, o cérebro não precisa só de sangue. O órgão demanda um ambiente controlado, livre de toxinas e patógenos que fornecem a composição química ideal para a transmissão sináptica e função neuronal. É essa a função da barreira hematoencefálica. 

A descoberta é importante porque aponta que, de alguma forma, as células-tronco dos pacientes com esquizofrenia analisados criaram a barreira deficiente, com maior permeabilidade de substâncias nocivas.

Agora, o estudo deve buscar terapias que levem essas evidências em consideração para o atendimento a pacientes com esquizofrenia. Outra possibilidade é analisar se também há prejuízo na barreira de pessoas com depressão, bipolaridade e autismo.

O que é esquizofrenia

O mais comum é que esse distúrbio sistêmico comece a se manifestar na adolescência ou início da vida adulta, entre os 15 e 25 anos. A frequência é igual entre os sexos, mas mulheres tendem a apresentar sintomas mais tarde.

As manifestações costumam aparecer de forma gradativa e nem sempre são claras. Elas incluem desde dificuldade de concentração ou insônia até surtos psicóticos, alterações de pensamento, percepção sensorial e de comportamento.

É como se o distúrbio tirasse as pessoas da órbita. Elas perdem a capacidade de trabalhar ou o interesse por atividades diárias. Em casos mais extremos, param de cuidar da higiene mental e de se alimentar.

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