Estudo encontra relação entre trovoadas e agravamento de problemas respiratórios em idosos

Um novo estudo divulgado na segunda-feira (10) pode fornecer as evidências mais fortes até o momento de que trovoadas podem piorar certas condições de saúde. Analisando dados dos Estados Unidos em um período de 14 anos, pesquisadores descobriram que os dias próximos a uma tempestade de raios estavam claramente associados a um aumento nos atendimentos […]
Registro de uma trovoada em 6 de julho de 2015 em Las Vegas, Nevada. Foto: Ethan Miller/Getty Images

Um novo estudo divulgado na segunda-feira (10) pode fornecer as evidências mais fortes até o momento de que trovoadas podem piorar certas condições de saúde.

Analisando dados dos Estados Unidos em um período de 14 anos, pesquisadores descobriram que os dias próximos a uma tempestade de raios estavam claramente associados a um aumento nos atendimentos de emergência a idosos por problemas respiratórios, especialmente para aqueles com doenças preexistentes como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Os cientistas teorizam que as trovoadas podem afetar negativamente a saúde desde pelo menos meados da década de 1980. Vários estudos documentaram ondas de doenças respiratórias associadas a fortes tempestades, especialmente asma. Pelo menos um estudo encontrou evidências de que a apneia do sono pode piorar durante as mudanças bruscas nas pressões atmosféricas que acompanham estes eventos.  E há até mesmo algumas evidências para a velha história de que elas podem piorar a artrite a ponto de uma pessoa com este problema conseguir prever com precisão a chegada da chuva.

Para este novo estudo, publicado na segunda (10) na JAMA Internal Medicine, os autores queriam ter uma noção mais profunda da possível conexão entre tempestades e nossa saúde, usando o máximo de dados que pudessem estudar de uma vez.

Eles foram capazes de coletar dados meteorológicos sobre todas as tempestades registradas nos EUA entre janeiro de 1999 e dezembro de 2012 pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (com relâmpagos servindo como um indicador para essas tempestades).

Em seguida, eles cruzaram essas informações com dados nacionais sobre atendimentos de emergência de pessoas com mais de 65 anos de idade no Medicare (sistema de saúde gerido pelo governo dos EUA), especificamente para problemas respiratórios.

“Em nosso estudo, vimos um aumento modesto, mas real, no uso do departamento de emergência para problemas respiratórios nos dias próximos às tempestades, particularmente entre pacientes com asma e DPOC”, disse Christopher Worsham, pesquisador, pneumologista e médico intensivo na Harvard Medical School e autor do estudo.

“Entre adultos com mais de 65 anos nos EUA, estimamos cerca de 52 mil idas adicionais ao departamento de emergência relacionadas à respiração ao longo dos 14 anos que estudamos que podem ser atribuídas a trovoadas”, completa o pesquisador.

Estudos anteriores ligaram o pólen ao aumento de casos de asma após grandes tempestades — a teoria é que elas quebram os grãos de pólen em grande escala, cobrindo uma área com uma gosma vegetal que causa alergia.

Mas, neste estudo, os picos nas visitas ao pronto-socorro começaram antes de a tempestade aparecer, e não houve efeito correspondente nas medições de pólen até depois de a tempestade ter passado, com os níveis realmente diminuindo por um ou dois dias após a tempestade.

Embora Worsham e sua equipe não descartem que o pólen pode ter uma grande influência nos surtos de asma após tempestades muito severas, eles não acham que ele é o maior culpado por esses picos em problemas respiratórios entre adultos mais velhos relacionados às tempestades.

Também é possível que a relação entre a saúde respiratória e as condições ambientais afetadas por tempestades possa ser diferente para os jovens, que tendem a ser mais alérgicos a coisas assim.

Eles notaram que houve aumentos perceptíveis na temperatura e material particulado (poluição do ar) logo antes de uma tempestade. Portanto, são esses fatores que provavelmente têm mais impacto na saúde respiratória de pessoas mais velhas com asma e DPOC, disse Worsham.

E, como se espera que as tempestades se tornem mais comuns e mais severas nos Estados Unidos à medida que as temperaturas globais aumentam, as descobertas podem destacar mais uma consequência das mudanças climáticas para a saúde.

Embora o estudo não tenha analisado nenhuma medida preventiva que pessoas mais velhas com problemas respiratórios possam tomar antes de uma tempestade, Worsham oferece alguns conselhos.

“Qualquer pessoa com asma ou DPOC que normalmente tem sintomas piores em torno de tempestades deve usar seu inalador conforme prescrito por seu clínico geral ou pneumologista”, disse ele. “Se seus sintomas não estiverem bem controlados, é preciso avisar seu médico.”

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