As técnicas de reciclagem de plástico podem, sem querer, levar ao aumento da poluição com microplásticos — uma das preocupações centrais na preservação dos oceanos. É o que mostra um estudo da Universidade de Strathclyde, na Escócia, e da Universidade Dalhousie, no Canadá, publicado no último dia 10 de maio.
Segundo a pesquisa, a maioria dos esforços de reciclagem do plástico tem sido um “fracasso retumbante”. Os índices nesse quesito já são baixos: estudos apontam que apenas 9% dos plásticos produzidos no mundo vão para a reciclagem. Agora, mesmo a reciclagem pode não colaborar com o meio ambiente como se imaginava.
O problema, disseram os cientistas, está na água usada para limpar o plástico antes de começar o processo de reciclagem. Isso acontece repetidas vezes para, depois, o material ser triturado e derretido até criar os pellets que darão origem a outros objetos.
Ao realizar experimentos em uma usina, a equipe identificou que a lavagem contínua faz com que o plástico libere micro resíduos na água que vai para o esgoto ou volta para o meio ambiente.
Poluição
Por causa disso, os pesquisadores estimaram que uma única usina de reciclagem poderia emitir cerca de três mil toneladas de microplásticos no meio ambiente por ano. Contudo, ao instalar um sistema de filtragem nas pias, o número de partículas caiu em 50%.
Mas aí está o x da questão: os cientistas só testaram plásticos com até 1,6 micrômetro – tamanho que está longe de ser o menor possível para os microplásticos. Muitos dos resíduos na Grande Mancha de Lixo do Pacífico, por exemplo, medem nanômetros e são invisíveis a olho nu.
Isso não as torna menos perigosas. Pesquisas anteriores já mostraram que os microplásticos são pequenos o suficiente para entrar nas células individuais de plantas e animais. Isso os coloca como um dos principais agressores aos ecossistemas oceânicos.