Estudo diz que motoristas de apps nos EUA estão ganhando menos, mas plataformas discordam

As receitas que trabalhadores americanos da gig economy — nome dado ao trabalho sem vínculo, temporário, geralmente mediado por aplicativos — no setor de transportes caiu 53% em cinco anos. É o que diz uma pesquisa do JPMorgan Chase Institute. O estudo analisou dados bancários de 39 milhões de correntistas do banco Chase entre 2013 […]

As receitas que trabalhadores americanos da gig economy — nome dado ao trabalho sem vínculo, temporário, geralmente mediado por aplicativos — no setor de transportes caiu 53% em cinco anos. É o que diz uma pesquisa do JPMorgan Chase Institute.

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O estudo analisou dados bancários de 39 milhões de correntistas do banco Chase entre 2013 e 2018. Ele encontrou um crescimento de 530% no número de pessoas envolvidas em algum tipo desses trabalhos temporários (de 0,3% dos clientes para 1,6%), com os transportes representando grande parte desse crescimento.

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Já em termos de valores financeiros, o banco descobriu que os motoristas tiveram uma queda em seus rendimentos mensais. A média mensal foi de US$ 1.535 para apenas US$ 762, de acordo com dados de março desse ano.

Isso não significa, necessariamente, que os aplicativos estão pagando menos. Os motivos da queda, como destaca o Recode, podem ser vários:

– Motoristas estão, em média, trabalhando menos horas.
– A demanda não cresceu na mesma velocidade que o número de motoristas.
– Os preços das viagens caíram.
– As plataformas estão pagando menos aos motoristas.

O Wall Street Journal analisa isso com mais cuidado. Os fatores podem ser, por exemplo, a oferta de opções mais baratas, com carros menores; maior tempo de espera entre uma viagem e outra por excesso de motoristas; taxa menor de desemprego, reduzindo o tempo dedicado a dirigir para aplicativos.

O estudo também revelou que os trabalhadores do setor de transporte são os que mais têm chance de estarem desempregados, no sentido tradicional da palavra, e recebem dinheiro de múltiplas plataformas.

Como observa a Business Insider, nos EUA, grande parte dos trabalhadores fica poucos meses dirigindo para passageiros de apps, presumivelmente no tempo entre perder um emprego e encontrar outro. Os motoristas que têm esse serviço como ocupação principal são a minoria nos EUA.

Seria bacana algum estudo no tipo no Brasil — a impressão que eu tenho, pelo menos, conversando com motoristas, é de que a maioria trabalha grande parte do dia dirigindo para os serviços por aplicativos, o que faz sentido se olharmos os grandes números de desemprego no país nos últimos anos.

Voltando à pesquisa dos EUA, entre julho de 2016 e julho de 2017, 58,3% só ganharam dinheiro das plataformas de transportes de passageiros ou coisas em no máximo três meses. Já os clientes que receberam pagamentos em mais de 10 meses do ano representam apenas 12,5% do total.

Tanto Uber quanto Lyft refutaram o estudo. Ambas as empresas consideram que o principal indicador do estudo, os pagamentos mensais, não são uma métrica relevante.

“O fato desse estudo não ter examinado os ganhos por hora, a métrica que mais importa para os motoristas, levou a manchetes enganosas”, disse a Lyft ao Gizmodo em um comunicado. “Se tivessem feito isso, os resultados mostrariam rendimentos estáveis para os motoristas nos últimos anos.”

De maneira similar, a Uber não deu crédito às conclusões do estudo em um post no Medium. A empresa atribui a queda nos pagamentos mensais à opção dos motoristas de trabalhar menos horas por dia. “Como a porção de parceiros que dirigem apenas ocasionalmente cresceu com o tempo, ela é o motivo para a média mensal (ou, aliás, semanal ou anual) de ganhos de todos os motoristas ter caído.”

A Business Insider, porém, levanta uma questão: mesmo os motoristas que mais trabalham e recebem viram seus ganhos caírem durante o período.

Contas cujo pagamento de serviços de transportes os coloca nos 10% mais altos ganhavam mais de US$ 4.000 por mês no começo do período analisado. No final do intervalo, essa mesma porção estava recebendo menos de US$ 2.500 por mês.

Enquanto isso, os participantes mais ativos desses serviços — aqueles que dirigiram em pelo menos 10 meses do ano — viram seus ganhos caírem de quase US$ 2.500 por mês no começo de 2014 para US$ 1.277 por mês no último mês de março. Esse valor significa US$ 15.324 por ano, o que é mais de US$ 1.000 a menos do que uma família com duas pessoas recebendo salário mínimo ganha.

Se o dinheiro da gig economy vem minguando nos apps de transporte, como sugere o estudo, ele está cada vez maior em serviços de aluguel de quartos e casas, como o Airbnb. No setor, a média mensal de pagamentos cresceu de US$ 1.030 em 2013 para US$ 2.113 em março deste ano.

O problema, como lembram os autores do estudo, é que para participar disso você precisa ter um quarto ou uma casa para alugar, coisa que nem todo mundo tem.

[JPMorgan Chase Institute via Business InsiderRecode e Wall Street Journal]

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