Cientistas analisaram um grupo de participantes que dormiram por diferentes períodos de tempo. Alguns dormiram noites inteiras, enquanto outros tiveram o sono interrompido, e alguns azarados nem chegaram a dormir. Depois de um tempo, quem teve o sono interrompido estava tão mal quanto quem não dormiu nada. A diferença é que eles não sabiam disso.
Pesquisadores da Universidade do Estado de Washington, nos EUA, deram a um grupo de participantes uma tarefa até que simples. Eles precisavam dormir por determinadas quantidades de tempo, e então ir até os pesquisadores, responder alguns questionários, e fazer alguns testes psicológicos.
Durante os testes, os psicólogos descobriram algumas equivalências estranhas: por exemplo, apenas seis horas de sono durante duas semanas equivalem a passar duas noites sem dormir. O artigo foi publicado no periódico científico Sleep.
Quarenta e oito pessoas participaram dos testes durante duas semanas. Enquanto algumas dormiram noites longas de oito horas de sono, outras tiveram apenas quatro a seis horas para dormir. Um último grupo participou de um experimento de três dias, durante os quais eles não dormiram nada. No experimento, os pesquisadores mediram o tempo de resposta dos participantes, observaram os padrões de ondas cerebrais deles, e os faziam responder questionários sobre como se sentiam.
O resultado surpreendente dos testes foi que um pouco de sono a menos toda noite pode ter efeitos bem maiores do que se pensava. De acordo com os pesquisadores, “uma restrição prolongada de sono – seis horas ou menos por noite – produz déficits de desempenho cognitivo equivalentes a duas noites sem nenhum sono”. Perca duas horas por noite e, ao fim de duas semanas, será como se você estivesse acordado por 48 horas.
As coisas ficaram ainda mais sinistras quando os pesquisadores observaram os questionários dos participantes. Depois de duas semanas, os participantes que dormiam até seis horas por noite se espantaram com o resultado dos testes. Eles estavam “sem ideia do aumento do déficit cognitivo”. Apesar de ter tanta dificuldade quanto alguém que ficou duas noites sem dormir, o pessoal das seis horas por noite achava que se sairia bem nos testes. A falta de sono prejudica mais do que pensávamos.
E isso também pode nos prejudicar de diversas outras formas. Outro estudo, publicado pela Genetics, mostrou que uma proteína específica, a VAV-1, ajuda minhocas nematoides a “dormir” depois de se estressarem. Após serem aquecidas em 40 graus Celsius, as minhocas que podiam produzir a proteína dormiam; enquanto as que não produziam, não dormiam. As que não dormiam estavam mais propensas a morrer nos dias seguintes.
Os pesquisadores especulam se existe um tipo de proteína que ajuda humanos a dormir e se recuperar do cansaço. Se existir, e se resistirmos a ela, nosso déficit de sono pode ser mais sério do que imaginamos.
[Genetics e Sleep via Fast Company]