Ciência

Estudo revela conexão entre racismo e saúde precária no Brasil

Racismo profundamente enraizado no Brasil reflete até mesmo na disparidade no acesso à saúde no, que é maior entre pessoas brancas
Imagem: Freepik/Reprodução

Novos dados divulgados pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra) lançam luz sobre a disparidade alarmante entre negros e brancos no acesso aos serviços de saúde no Brasil, evidenciando como o racismo está intrinsecamente relacionado à saúde precária.

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O levantamento revela que 29% da população negra no país nunca visitou um dentista ou não teve consulta com um profissional nos últimos três anos, contrastando com os 20,1% entre a população branca.

O estudo também destaca a significativa diferença na realização do “exame da orelhinha” ou Triagem Auditiva Neonatal, crucial para detectar problemas auditivos em recém-nascidos. Cerca de 24,2% das crianças negras menores de dois anos não foram submetidas ao exame, em comparação com os 12% de crianças brancas.

Assim, essa disparidade reflete o racismo profundamente enraizado. Que se estende até mesmo ao acesso a estruturas que deveriam ser universalmente acessíveis.

Acesso à saúde privada

Os dados coletados também revelam que apenas 21,7% da população negra possuía plano de saúde ou odontológico até 2019, em comparação com 40% entre os brancos. Além disso, a pesquisa indica que 34% dos adultos negros tinham uma percepção negativa de sua saúde bucal.

O estudo não se limita ao acesso a tratamentos odontológicos, abordando também a dificuldade de acesso a exames de visão e audição. Os resultados apontam que 43,9% dos adultos negros nunca realizaram um exame de vista ou o fizeram há mais de dois anos. Enquanto esse número é de 36,1% entre os brancos.

Segundo informações do Ministério da Saúde divulgadas em novembro deste ano, os índices da população negra no período de 2010 a 2020 atingiram os patamares mais baixos. Desde 2009, o Brasil implementou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, reconhecendo o racismo institucional como um fator determinante para a saúde.

Diante desse cenário, o Ministério da Saúde declarou sua intenção de criar e implementar ações para melhorar o acesso aos serviços de saúde. Além disso, aprimorar a qualidade do atendimento destinado à população negra, visando combater as desigualdades que persistem no sistema de saúde brasileiro.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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