Usar duas máscaras protege mais, diz estudo

Estudo mostra que usar uma máscara de tecido por cima de uma cirúrgica pode oferecer nível de proteção similar ao de máscaras profissionais.
Máscaras faciais penduradas em uma parada. Crédito: Miguel Medina/Getty Images
Crédito: Miguel Medina/Getty Images

Enquanto algumas pessoas permanecem relutantes em usar uma máscara, há outras que preferem se prevenir ao máximo contra o coronavírus e optam até mesmo por usar uma extra. Se você acha que é um exagero, a ciência tem mostrado que a prática pode ser realmente eficaz. Pesquisadoras de uma publicação recente ressaltam, no entanto, que o excesso de máscaras sobrepostas pode impedir a respiração e, por isso, há algumas maneiras mais apropriadas de aderir às duas proteções faciais.

A pesquisa, publicada em forma de comentário na revista Med esta semana, traz alguns dados sobre como o uso de máscaras faciais é capaz de reduzir as taxas de transmissão em diferentes escalas de locais, desde salões de cabeleireiro a um país inteiro. No Missouri, EUA, por exemplo, duas pessoas que trabalhavam em salões de beleza estavam infectadas com Covid-19 e haviam sido expostas a 139 clientes – no caso, todos usavam máscaras, inclusive as profissionais que foram diagnosticadas com a doença. O resultado foi que nenhum dos 139 indivíduos desenvolveu sintomas, com 67 deles testando negativo para o vírus.

A recomendação do estudo recente é utilizar as máscaras de tecido por cima das cirúrgicas. A ideia é que a primeira camada seja confortável para respirar, com materiais que filtram melhor o ar, enquanto a segunda oferece um ajuste maior ao rosto, diminuindo as aberturas deixadas pela primeira camada. Outra alternativa, segundo as pesquisadoras, é usar uma máscara de tecido com um bolso para colocar materiais com filtros, como aqueles encontrados em aspiradores de pó.

De acordo com o estudo, essas combinações podem oferecer uma eficácia acima de 90% em filtrar partículas a partir de 1 μm (micrômetro), o que corresponde às partículas respiratórias mais importantes na transmissão de Covid-19.

Usar mais do que duas máscaras, no entanto, pode dificultar a respiração. Monica Gandhi, que também é autora do estudo, afirma que conseguir uma filtragem eficaz é algo simples e não requer nada muito elaborado. Em vez de utilizar a proteção dupla, você pode melhorar o ajuste da máscara para evitar brechas. Uma dica é optar por aquelas que são amarradas na parte de trás da cabeça, em vez dos elásticos que se prendem às orelhas, e utilizar clipes para prender o topo da máscara ao nariz.

Em uma escala maior, a Alemanha observou uma queda de 45% nos casos de coronavírus 20 dias após algumas regiões do país estabelecerem o uso obrigatório de máscaras em estabelecimentos e transportes públicos. Outro estudo de Beijing revelou que essas proteções faciais se mostraram 79% eficazes em impedir a transmissão do vírus de pessoas infectadas para seus contatos próximos.

Em entrevista ao The New York Times, Linsey Marr, uma das autoras do estudo, explica que a ideia não é impedir a circulação de ar, mas criar obstáculos para o vírus. Alguns experimentos já provaram que até mesmo as máscaras mais simples, como as cirúrgicas ou de tecido, oferecem uma taxa mínima de 50% de eficácia.

Um dos principais benefícios é proteger as pessoas ao seu redor, mais do que o próprio usuário. A transmissão entre pessoas costuma ocorrer por gotículas de saliva e, portanto, as máscaras conseguem bloquear o vírus direto na fonte. Além disso, proteger as vias respiratórias cobrindo boca e nariz é importante porque elas contêm os tipos de células que o vírus infecta.

As melhores máscaras continuam sendo as N95, que possuem filtros extremamente eficazes. No entanto, elas costumam estar disponíveis principalmente a profissionais de saúde, já que eles atuam na linha de frente no combate à doença. Por isso, uma solução para atingir um nível de proteção similar seria utilizar duas máscaras sobrepostas.

Apesar das máscaras exercerem um papel importante na redução das taxas de transmissão do coronavírus, o método mais eficaz é a combinação de diversas práticas de higiene e prevenção. Jeniffer Nuzzo, especialista em saúde pública do John Hopkins University, disse ao NYT que é necessário um esforço de conscientização das pessoas em vez de simplesmente aumentar as restrições porque a população não está colaborando. “Nenhuma política vai funcionar se ninguém aderir a ela”, afirmou.

[The New York Times]

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