Um esforço internacional liderado por pesquisadores da Faculdade de Medicina Meharry, em Nashville, nos Estados Unidos, quer estabelecer um banco de dados genéticos exclusivamente composto por indivíduos de ascendência africana.
A iniciativa, intitulada “Juntos para mudar os cuidados de saúde para pessoas com ancestrais africanos”, busca corrigir a sub-representação desses grupos em bases de dados que impulsionam pesquisas genéticas.
A iniciativa visa capturar uma gama mais ampla de diversidade genética. Especificamente, o projeto visa identificar mutações genéticas que afetam especificamente populações africanas, o que é crucial para uma compreensão abrangente das doenças genéticas nesses grupos.
A pesquisa vem para contrapor a representação mínima de africanos e afrodescendentes em estudos genéticos anteriores. Um exemplo é o estudo UK Biobank, onde apenas 1,6% dos participantes se identificaram como negros.
Financiamento para pesquisa genética
A iniciativa conta com o financiamento de empresas farmacêuticas, incluindo AstraZeneca, Novo Nordisk, Regeneron e Roche. O projeto conta com um investimento de US$ 20 milhões (cerca de R$ 97 milhões) de cada uma dessas organizações.
Cerca de US$ 30 milhões do financiamento serão reservados para esforços para aumentar o número de cientistas negros nos Estados Unidos e em África. Isso inclui bolsas de pesquisa, bolsas e programas de pós-graduação na área de genômica.
“Essa é uma parceria histórica. Nada parecido com isso aconteceu antes”, afirmou James Hildreth, reitor da Faculdade Meharry. A fala dele é em referência ao apoio conjunto de várias empresas farmacêuticas a um projeto, disse à revista Science.
A escolha da Faculdade Meharry para liderar este esforço histórico não é acidental, uma vez que a instituição tem uma conexão duradoura com a formação de profissionais de saúde negros no sul dos Estados Unidos desde o século 19.