Os EUA implantaram um “código de computador americano” nos sistemas russos que operam a rede elétrica do país, informou o New York Times no sábado (15), como parte dos esforços do governo de Donald Trump para “implantar ferramentas cibernéticas de forma mais agressiva”.
De acordo com o Times, que citou “atuais e ex-oficiais” com conhecimento da situação, o Comando Cibernético do Pentágono passou a atuar em novas autoridades e independência concedidas pela Casa Branca e pelo Congresso.
O governo manteve-se publicamente quieto sobre quais ações específicas foram tomadas, escreveu o jornal, mas o conselheiro de segurança nacional John Bolton disse na última terça-feira que os EUA estão adotando uma postura ofensiva mais agressiva no ciberespaço “para dizer à Rússia ou a qualquer outra pessoa engajada em ciberoperações contra nós, ‘você pagará um preço’”. O chefe do Comando Cibernético, general Paul M. Nakasone, também tem apoiado as capacidades de “defesa proativa” no caso de um ataque cibernético aos sistemas americanos.
Embora alguns relatos anteriores de invasão russa aos sistemas de energia dos EUA tenham sido mostrados como exagerados , o FBI e o Departamento de Segurança Interna alertaram no ano passado que os hackers ligados ao Estado russo parecem estar investigando partes da rede de energia em busca de pontos fracos. A matéria do Times menciona essa tentativa de invadir sistemas de computadores na Wolf Creek Nuclear Operating Corporation – que o DHS [Departamento de Segurança Interna] disse depois ao TechCrunch que parecia estar “limitado a redes administrativas e de negócios” – bem como “tentativas anteriormente não relatadas de se infiltrar na Estação Nuclear de Cooper, no Distrito de Poder Público de Nebraska, perto de Brownville.”
O governo dos EUA também acusou o governo russo de grande interferência nas eleições presidenciais de 2016, incluindo hacks de sistemas de e-mail vinculados ao Partido Democrata e uma campanha para promover propaganda e desinformação nas mídias sociais. De acordo com o Times, o Pentágono justificou algumas das suas ações apontando para a necessidade de um impedimento durante a temporada de eleições de 2020. (A Casa Branca, é claro, gastou muito do seu tempo e energia no mandato de Trump tentando convencer o público de que sua campanha não condizia com o governo russo, embora o presidente tenha alegado recentemente que ficaria feliz em receber tal assistência caso fosse oferecida.)
Fontes do Times disseram que os EUA colocaram um malware potencialmente destrutivo dentro dos sistemas russos, não apenas como um aviso mas também como uma maneira de construir capacidades de retaliação no caso de um “grande conflito…entre Washington e Moscou”. Embora Trump tenha aprovado uma ordem executiva em 2018, nomeado Memorandos Presidenciais de Segurança Nacional 13, dando a Nakasone mais poder para realizar operações ofensivas sem autorização prévia da Casa Branca, o jornal observou que poderes especiais concedidos pelo Congresso no mesmo ano expandiram muito o escopo dessas operações:
Mas a ação dentro da rede elétrica russa parece ter sido conduzida sob novas autoridades legais pouco conhecidas, entrou no projeto de autorização militar aprovado pelo Congresso no verão passado. A medida aprovou a conduta rotineira de “atividade militar clandestina” no ciberespaço para “deter, salvaguardar ou defender ataques ou ciberatividades maliciosas contra os Estados Unidos”.
Segundo a lei, essas ações podem agora ser autorizadas pelo secretário de Defesa sem aprovação presidencial especial.
“Ficou muito mais agressivo no ano passado”, disse um oficial de inteligência sênior, sob condição de anonimato, mas recusando-se a discutir quaisquer programas específicos secretos. “Estamos fazendo coisas em uma escala que nunca havíamos contemplado há alguns anos”.
Outros passos dados pelo Comando Cibernético incluíram ataques cibernéticos à Internet Research Agency , uma empresa russa supostamente no centro da campanha de redes sociais de 2016.
Se os EUA agora têm ou não o poder de efetivamente desligar as redes elétricas da Rússia, é algo confidencial e talvez impossível de saber, a menos que seja realmente feito um teste, concluiu o Times.
O jornal norte-americano acrescentou que duas fontes disseram que estavam com a impressão de que o presidente não recebeu informações detalhadas sobre os esforços dos EUA para se infiltrar nas redes de energia russas, com os conselheiros de Trump cautelosos e receosos com a possibilidade de ele responder cancelando as missões ou discutindo o plano com as autoridades russas.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse recentemente a repórteres que as relações com os EUA estão se deteriorando e “piorando a cada hora”.