O presidente Donald Trump anunciou na tarde de ontem que a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) ordenou que todos os aviões Boeing 737 Max 8 e Max 9 fossem impedidos de levantar voo nos EUA após o acidente de domingo na Etiópia, que matou 157 pessoas. Foi o segundo acidente com uma aeronave deste modelo em cinco meses — em outubro, uma queda na Indonésia matou 189 pessoas. Os EUA são o último grande país do planeta a parar de operar os aviões.
“A Boeing é uma empresa incrível. Eles estão trabalhando muito, muito duro agora, e espero que eles rapidamente encontrem a resposta, mas até que eles consigam isso, os aviões permanecerão no solo”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump. Ele acrescentou que a FAA em breve estaria fazendo um anúncio sobre o que ele chamou de “ordem de emergência”.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 13, 2019
Em uma declaração ao Gizmodo, a American Airlines, uma das três companhias aéreas norte-americanas que pilotam os aviões, disse ter sido informada pela FAA ontem “que, com base em novas informações, eles estão impedindo a frota norte-americana do Boeing 737 Max de voar em uma abundância de cautela”. Diz o comunicado da companhia aérea:
A American Airlines possui 24 aeronaves afetadas por esta diretiva. Agradecemos a parceria da FAA e continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com eles, o Departamento de Transportes, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes e outras autoridades reguladoras, bem como nossos fabricantes de aeronaves e motores. Nossas equipes farão todos os esforços para realocar os clientes o mais rápido possível, e pedimos desculpas por qualquer inconveniente.
O Canadá se tornou o penúltimo país a suspender voos com o 737 Max, também ontem. Autoridades canadenses disseram que “há semelhanças” entre os dois acidentes, o que motivou a decisão.
O presidente Donald Trump pareceu ecoar o sentimento vindo do Canadá. Ontem, ele disse na Casa Branca que houve “novas informações e evidências físicas recebidas do local do acidente”.
Trump acrescentou que todas as companhias aéreas foram notificadas e que estão “concordando com essa” decisão de não voar com os aviões. Não foi possível determinar imediatamente se as companhias aéreas realmente concordam com a decisão.
Investigadores ainda estão determinando a causa do acidente de domingo, mas o acidente em outubro pode ter sido relacionado à automação da aeronave, que forçou o nariz do avião para baixo desnecessariamente. Oficialmente, ainda não está claro que a queda de domingo tenha algo a ver com automação, mas essa decisão dos Estados Unidos e do Canadá certamente torna isso mais provável.
A China, a Indonésia, a Austrália e a Malásia foram alguns dos primeiros países a fundar o 737 Max antes de outros países da Europa seguirem o exemplo. No Brasil, a Gol, única empresa aérea do País a operar com este modelo de aeronave, suspendeu seu uso na noite de segunda-feira.
A Boeing divulgou uma declaração que, curiosamente, faz parecer que foi sua a recomendação de suspender voos com o modelo. Como os especialistas em aviação apontaram, o CEO da Boeing teria implorado a Trump para não proibir os aviões de voarem em um telefonema no início desta semana.
Da Boeing:
A Boeing continua a ter plena confiança na segurança do 737 MAX. No entanto, depois de consultar a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), o Conselho Nacional de Segurança em Transporte dos EUA (NTSB) e as autoridades de aviação e seus clientes em todo o mundo, a Boeing determinou — com muita cautela e tranquilidade em reafirmar para o público a segurança da aeronave — recomendar à FAA a suspensão temporária das operações de toda a frota global de 371 aeronaves 737 MAX.
“Em nome de toda a equipe da Boeing, estendemos nossas mais profundas condolências às famílias e entes queridos daqueles que perderam suas vidas nesses dois acidentes trágicos”, disse Dennis Muilenburg, presidente e CEO da The Boeing Company.
“Estamos apoiando este passo proativo por uma abundância de cautela. A segurança é e continuará sendo um valor central na Boeing ao fabricar aviões. Não há maior prioridade para nossa empresa e nossa indústria. Estamos fazendo tudo o que podemos para entender a causa dos acidentes em parceria com os investigadores, implantar melhorias de segurança e ajudar a garantir que isso não aconteça novamente.”
A Boeing faz essa recomendação e apoia a decisão da FAA.
Uma correção de software para a aeronave estava sendo desenvolvida pela Boeing em janeiro, mas, como o Wall Street Journal noticiou anteontem, “a recente paralisação do governo federal também interrompeu o trabalho de conserto por cinco semanas”. A Boeing disse recentemente que entregar uma atualização de software até abril.
Apenas três operadoras norte-americanas pilotam a série Boeing 737 Max. A Southwest Airlines tinha 34 aviões 737 Max 8 operando em sua frota. Já a American Airlines tinha 24 em operação. Ambas as empresas tinham mais cem aeronaves encomendadas junto à da Boeing. A United não operava com o Max 8, que foi o modelo preciso que caiu no último fim de semana e em outubro, mas a empresa disse ao Gizmodo no início desta semana que tem 14 aviões Max 9.