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Europeus anunciam Susie, nave reutilizável que pode levar astronautas à Lua

Com Susie, europeus resgatam sonho antigo de ter uma nave para chamar de sua. Projeto reduz dependência europeia dos EUA e da Rússia em voos espaciais

Europeus anunciam Susie, nave reutilizável que pode levar astronautas à Lua

Imagem: ArianeGroup/Divulgação

A empresa francesa ArianeGroup anunciou que está desenvolvendo a Susie – uma nova nave espacial com capacidade para transportar astronautas e cargas até a Lua.

O projeto consiste em construir uma espaçonave para viajar sobre o estágio superior do novo foguete Ariane 64. A ideia é que a Susie (sigla em inglês para “Estágio Superior Inteligente para Exploração Inovadora”) seja totalmente reutilizável, podendo levar até cinco astronautas a bordo.

A nave foi projetada para ter 12 metros de comprimento, cinco metros de diâmetro e pesar 25 toneladas. Ela terá um compartimento interno com volume de 40 m³ e capacidade para cargas de até 7 toneladas, podendo viajar ao espaço e retornar à Terra de forma automatizada.

O desenvolvimento atende à meta de garantir a exploração do espaço profundo por astronautas europeus, além de criar uma rede logística espacial e de cooperação internacional. O objetivo é usar o veículo para levar combustível, alimentos e equipamentos para estações espaciais, bem como rebocar, inspecionar ou fazer manutenções em satélites.

O projeto prevê, ainda, apoiar a construção de grandes infraestruturas no espaço, fazer a remoção de lixo espacial, além do transporte de mercadorias. Inicialmente, o Ariane 64 permitirá que a Susie realize missões em órbita baixa da Terra. Já foguetes de nova geração poderiam estender as viagens até a órbita da Lua.

No video abaixo, a empresa ArianeGroup apresenta o conceito da nova nave:

Susie, a primeira nave espacial dos europeus

Vale lembrar que o desejo europeu de lançar uma nave espacial tripulada é antigo. Durante a década de 1980, a mesma empresa planejava lançar o Hermes, um mini ônibus espacial que viajaria no topo do foguete Ariane 5, e que poderia levar três astronautas até órbitas de 800 km de altitude. Entretanto, o projeto foi cancelado em 1992, diante dos altos custos envolvidos.

Com a Susie, a empresa afirma que o conceito está alinhado com os novos esforços espaciais da Europa para as próximas décadas, em termos de transporte e serviços orbitais, além de suprir o crescente mercado de acesso ao espaço. “Este é um projeto construído sobre todo o know-how existente no ArianeGroup e na indústria europeia”, disse a empresa em comunicado.

A nova linha de foguetes Ariane 6 está prevista para voar a partir de 2023. Porém, ainda não há uma data prevista para a decolagem da variante Ariane 64 – que terá quatro boosters laterais – ou mesmo da Susie. A empresa também não detalhou quanto custará o desenvolvimento da nave.

A Susie lembra o design da atual Crew Dragon, da SpaceX, porém, quando ela decolar, é provável que a empresa de Elon Musk já tenha lançado a Starship – uma nave de nova geração com capacidade para viajar até Marte. De qualquer forma, a nova nave ajudará a reduzir a dependência europeia dos EUA e da Rússia em voos espaciais tripulados.

A ArianeGroup, uma joint venture entre a Airbus e a Safran, faz lançamentos por meio da subsidiária Arianespace para a Agência Espacial Europeia (ESA), além de outros clientes privados, a partir de uma base instalada na Guiana Francesa. O Telescópio Espacial James Webb, por exemplo, foi lançado ao espaço com um foguete da empresa francesa.

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