Ciência

Europeus começam a morar como os indígenas: em casas feitas de palha

Iniciativa visa não apenas transformar a faculdade construída nos anos 1950, mas também criar uma vitrine para o potencial da palha como material de construção
Imagem: Ecococon/Reprodução

Este ano, a pacata cidade de Todmorden, na Inglaterra, vai receber moradias um tanto quanto diferentes. Vão ser instaladas mais de 1.600 metros quadrados de painéis recheados de palha na faculdade local para servir como casa para os estudantes.

O projeto é liderado por Barbara Jones e sua equipe do Todmorden Learning Center e do Community Hub, em parceria com a empresa eslovaca EcoCocon. Essa iniciativa visa não apenas transformar a faculdade construída nos anos 1950, mas também criar uma vitrine para o potencial da palha como material de construção.

Os painéis fornecidos pela EcoCocon consistem em estruturas de madeira com cerca de 400 mm de espessura, preenchidas com uma massa de palha picada.

Essa abordagem, é uma versão mais tecnologicamente avançada dos fardos de palha tradicionalmente utilizados por construtores ecológicos. A diferença é que o novo material destaca-se pela eficiência do isolamento e pela capacidade de formar vedação hermética mesmo em paredes irregulares.

A EcoCocon, reconhecendo a crescente demanda por soluções sustentáveis, planeja expandir sua produção com uma nova fábrica na Eslováquia. A estratégia inclui a aquisição local de palha na Europa Central e Oriental. Isso possibilita uma redução significativa na pegada de carbono associada ao transporte.

Impacto ambiental e desafios das casa de palha

Apesar das vantagens evidentes, existem desafios e limitações associadas ao uso de painéis de palha. Para a BBC, Barbara Jones destaca que sua aplicação em reformas de propriedades menores pode não ser viável. Isso devido à largura significativa dos painéis (cerca de 40 centímetros).

Além disso, resistência do consumidor em relação a casas com paredes de palha também é um obstáculo a ser superado. Assim, especialistas alertam ainda sobre outras preocupações, como do local servir de morada de roedores ou problemas relacionados à umidade.

Apesar disso, defensores do uso da palha asseguram que essas preocupações são infundadas e que a palha oferece benefícios significativos, incluindo uma pegada de carbono reduzida e eficiência energética.

A indústria espera que o Reino Unido alcance o mesmo nível de adoção dessas práticas sustentáveis que outros países europeus já alcançaram.

Barbara Jones destaca que a falta de treinamento profissional no Reino Unido está prejudicando o progresso, enquanto a França, por exemplo, já constrói centenas de casas de palha anualmente.

Diante dos desafios e oportunidades, a expansão da EcoCocon e iniciativas semelhantes sugerem que o uso da palha na construção civil pode ser um passo crucial em direção a um futuro mais sustentável e ecologicamente consciente.

Assim, o impacto ambiental positivo, a eficiência energética e o potencial para transformar a indústria da construção tornam a palha uma alternativa atraente e inovadora para moradias europeias.

Gabriel Andrade

Gabriel Andrade

Jornalista que cobre ciência, economia e tudo mais. Já passou por veículos como Poder360, Carta Capital e Yahoo.

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